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Ministro pede a Serra que ajude a libertar pichadora
Juca Ferreira (Cultura) diz que prisão é um "escândalo"
DIÓGENES MUNIZ
EDITOR DE INFORMÁTICA DA FOLHA
ONLINE
O ministro da Cultura, Juca
Ferreira, pediu ao governador
José Serra (PSDB) que ajude a
libertar Caroline Pivetta da
Mota, 23, presa há mais de 40
dias por pichar as paredes da
Bienal, no parque Ibirapuera.
Ferreira ligou anteontem para Serra e para o presidente da
Fundação Bienal, Manoel
Francisco Pires da Costa, pedindo intervenção imediata.
Caroline foi uma das 40 visitantes que, no dia 26 de outubro, atacou com spray o prédio
da Bienal em protesto contra o
que ficou conhecido como o
"andar vazio".
Dependendo do julgamento,
pode ficar presa até a próxima
Bienal, em 2010. O artigo 62 da
Lei de Crimes Ambientais (destruição de patrimônio cultural)
prevê pena de um a três anos.
"Caso a menina não seja libertada, teremos que deflagrar
uma segunda fase [de ações]. O
ministério pode dar assistência
jurídica a ela, no sentido de garantir sua defesa", afirmou Ferreira à Folha Online.
Segundo ele, "é um escândalo uma pessoa ficar presa esse
tempo todo porque fez uma intervenção gráfica". A advogada
da jovem, Cristiane Sousa Carvalho, diz que a Caroline só
continua presa por não ter conseguido comprovar residência
fixa, tampouco ocupação legal.
As respostas do governador e
da Bienal foram "positivas" e
"atenciosas", de acordo com o
ministro. "O Serra alegou que
as coisas não funcionam assim,
de mandar soltar e a pessoa já
sair, mas me disse que vai ver o
que pode fazer", afirmou.
O ministro disse discordar da
"agressividade" das manifestações de pichadores. "Enfeiam a
cidade, mas são manifestações
de grupos que querem fugir do
anonimato sinalizando sua
existência, sua territorialidade.
Confesso que não tenho muita
simpatia, mas não acho que seja caso de polícia."
Em comunicado oficial divulgado ontem, a Fundação
Bienal negou novamente ter
"qualquer ingerência sobre a liberdade da jovem".
"Não cabe à fundação "retirar
queixa" ou pedir "relaxamento
da prisão", já que a jovem foi
presa no ato do delito (flagrante) e a decisão pela sua permanência na prisão, ou mesmo a
intensidade da pena aplicada
ao caso, é da Justiça."
"A única responsabilidade da
fundação, neste caso, foi acionar a polícia e registrar boletim
de ocorrência", afirma a nota.
O governo não se manifestou
até a conclusão desta edição.
O segundo pedido de liberdade provisória de Caroline será
julgado hoje.
Em entrevista à Folha Online na última semana, de dentro
do presídio, a pichadora disse
que o que faz é "para o povo
olhar e não gostar". "A gente
não queria estragar as obras,
mesmo porque não tinha obra.
A obra nós que íamos fazer."
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