|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Investimento estatal no setor não segue ritmo da demanda
Infraero diz que destinação de verbas terá resultado a longo prazo
LUCIANA RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto o mercado aéreo
cresce de forma acelerada, o
ritmo de investimentos no setor segue lento.
O número de passageiros
que passam anualmente pelos 67 aeroportos administrados pela Infraero aumentou
87% na última década.
Enquanto isso, a Infraero
aplicou em equipamentos e
obras R$ 5,6 bilhões, segundo a própria estatal. Entre as
aquisições e reformas estão
aparelhos de raio X, detectores de metal, ônibus para
transporte de passageiros e
alargamento de pistas.
A quantia anual destinada
às melhorias não variou muito na década, ficando em torno de R$ 500 milhões. O auge
foi registado em 2006, quando os aeroportos receberam
R$ 885 milhões em investimentos. Em 2001, foi aplicada a menor quantia de recursos -R$ 331 milhões.
Economistas, estudos do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) e do
BNDES apontam que faltam
investimentos no segmento.
"Isso se complicou porque
a demanda vem crescendo
bem há algum tempo e atingiu o ápice em 2010", afirma
o economista e professor do
ITA Alessandro Oliveira.
O economista diz, no entanto, que o aumento dos investimentos não deve seguir
de forma linear a expansão
do número de passageiros.
A injeção de recursos deve
ocorrer como uma "escada":
por um tempo a demanda
cresce e o investimento, não;
de repente, os aeroportos são
expandidos, acomodando os
novos passageiros.
O terceiro terminal do aeroporto de Pequim, inaugurado para a Olimpíada de
2008, é um exemplo desse tipo de investimento.
Se o ritmo de investimentos não for acelerado, a queda na qualidade dos serviços
nos aeroportos deve se acentuar, afirma o coordenador
do Núcleo de Estudos em Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.
"Não haverá condições de
alimentação nem conforto
nas áreas de embarque. Poderá haver grandes filas no
check-in, o que provoca atrasos nos voos."
Resende afirma ainda que
a falta de recursos para o setor é histórica e decorre da
ausência de planejamento
no longo prazo. Nos últimos
30 anos, a média de investimentos nos aeroportos do
país foi de 30% do necessário, segundo o pesquisador.
A Infraero diz, através de
sua assessoria de imprensa,
que realiza projetos de longo
prazo e que os investimentos
são feitos com base em pesquisas de demanda futura.
Entre as obras realizadas,
a estatal cita a ampliação do
terminal de passageiros do
Santos Dumont, no Rio, e de
pistas e pátios do aeroporto
de Maceió. A empresa afirma
ainda que a instalação de terminais temporários em cidades como Brasília e Florianópolis fazia parte de seu planejamento. Esses terminais
podem ser aproveitados em
outros aeroportos no futuro.
Texto Anterior: Especialistas defendem descentralização Próximo Texto: Serviço de bordo mais simples baixou preço de passagens Índice | Comunicar Erros
|