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Promotoria, TCM e polícia já apontaram as irregularidades
da Reportagem Local
As conclusões a que chegou
agora a comissão intersecretarial
montada pela prefeitura já são de
conhecimento do Executivo há
pelo menos quatro anos.
Mesmo assim, a prefeitura autorizou 89 alterações que elevaram os contratos, firmados em R$
573 milhões, para R$ 1,26 bilhão.
Em uma sucessão de auditorias,
relatórios, inquéritos e ações, as
irregularidades foram apontadas
desde 96 pela Logos Engenharia
(empresa contratada pela própria
prefeitura para gerenciar a limpeza urbana), pelo TCM, pelo Ministério Público e pela polícia.
"Entendemos que a falta de
análise das quantidades apresentadas na medição, aliada à precária fiscalização exercida, impossibilita que o Limpurb tenha certeza de que os serviços medidos
correspondem aos efetivamente
executados e estejam de acordo
com os previstos no contrato", dizem reiteradamente auditores do
TCM -órgão frequentemente
apontado como aliado do Executivo- em auditorias feitas em 96.
Nessas auditorias, além da falta
de fiscalização e do descontrole
no pagamento dos serviços, o
TCM também aponta pelo menos
outras duas irregularidades agora
enumeradas pela comissão: a
contratação de serviços desnecessários e a repetição dos erros em
sucessivas alterações contratuais.
"Usando parâmetros de cálculo
diferentes dos previstos em edital
-menor velocidade média dos
garis, maior custo dos insumos e
maior desembolso com encargos
sociais-, a prefeitura aumentou
o preço do km varrido em 56%",
diz o TCM, referindo-se ao reforço das equipes de varrição, feito
em dezembro de 95.
O TCM continua, afirmando
que a prefeitura não apresentou
justificativas técnicas convincentes para comprovar a necessidade
de criação das novas equipes de
varrição e simplesmente atribuiu
preços novos ao serviço, sem enfrentar as deficiências existentes.
Em todos esses anos, a prefeitura rebateu as acusações, admitindo a possibilidade de falhas localizadas, mas negando sempre que
elas afetem todo o sistema.
Ano a ano, porém, novos casos
indicam que a falta de mecanismos de controle citada pelo TCM
possibilita o desvio de dinheiro.
Primeiro vieram à tona os relatórios sobre varrição feitos pela
Logos entre março de 96 e fevereiro de 97. Os fiscais da Logos fizeram o que os fiscais da prefeitura
deveriam ter feito: foram às ruas
e, por amostragem documentada,
checaram o que não era feito.
Constataram que, em média, no
período citado, 13% dos serviços
de varrição contratados foram
pagos sem ser realizados.
Os relatórios têm dados semanais de todas as administrações
regionais. Em cada uma delas, foi
fiscalizada 10% da extensão total
que deveria ser varrida. A prefeitura recebia esses relatórios mensalmente, mas nada descontou.
"A Logos não tinha atribuições
de fiscalização. Seus relatórios
serviam apenas como ferramentas de gestão de contratos em cada regional", contestou ano passado a então secretária de Serviço
e Obras Marcia Buccolo.
"Eles não tinham valor estatísticos", disse à Folha, também em
99, o ex-secretário Alfredo Mário
Savelli, hoje responsabilizado pela comissão.
(SC e MCC)
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