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Violência causa "fuga" de alunos em Ribeirão
ALESSANDRO BRAGHETO
da Folha Ribeirão
ANGELO SASTRE
free-lance para a Folha Ribeirão
O aumento da violência está
provocando queda no índice das
matrículas das escolas estaduais
da periferia de Ribeirão Preto.
A sobra nos cursos noturnos
chega a 50%. Em contrapartida,
os outros turnos registraram aumento na procura por vagas.
Em cinco escolas da periferia
ouvidas pela Folha, estão sobrando 710 vagas, sendo que 600 são
do período noturno.
Para as escolas, os alunos estão
trocando de período -da noite
para a manhã ou tarde- ou se
transferindo para outras unidades em locais mais seguros.
"Infelizmente, a noite é dos bandidos. Temos de tomar cuidado",
afirmou o vigia Adirlei Remundine, 22, que se transferiu da escola
Amélia dos Santos Musa, nos
Campos Elíseos, para uma outra
no centro. De acordo com dados
da Polícia Civil, os bairros periféricos foram responsáveis por
86,2% dos homicídios registrados
durante o ano passado.
A dirigente regional de ensino
de Ribeirão, da Secretaria Estadual da Educação, Gertrudes
Aparecida Ferreira, reconhece
que está havendo uma redução na
procura por vagas à noite.
Entre as escolas consultadas pela Folha, a que apresentou maior
redução de matrículas foi a Rafael
Leme Franco. Segundo a direção,
50% dos alunos da noite não renovaram suas inscrições.
Em abril do ano passado, dois
alunos que assistiam a uma aula
de educação física foram baleados, sendo que o estudante Jair
Gallasso Filho, 17, morreu.
De acordo com a diretora da escola, Célia Cocarelli, metade dos
160 alunos do período noturno e
10% dos 700 alunos do diurno
não haviam renovado as matrículas até anteontem.
"Isso acaba prejudicando o planejamento das classes, já que a renovação das matrículas era para
ter ocorrido até o final do ano passado, mas não creio que isso ocorreu por causa da violência", disse.
Para o presidente do Conselho
Municipal da Educação, Walter
Colombini, o principal fator da
evasão no período noturno é a falta de segurança. "Depois do que
aconteceu no ano passado, os pais
ficaram com medo e muitos mudaram seus filhos de escola."
O presidente do Conselho Municipal da Segurança Escolar, José
Roberto Ribeiro Arroyo, diz que o
problema ocorre fora das escolas.
Segundo ele, em 99, só um caso
grave foi registrado nas escolas estaduais.
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