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Dono de oficina de Santo André abandona seu estabelecimento em uma bóia durante a inundação

A forte chuva que atingiu na tarde de ontem a Grande São Paulo provocou alagamentos na capital e na região do ABC Paulista. A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) precisou interromper parte da circulação dos trens por causa da situação.
O transbordamento do ribeirão dos Couros, na cidade de São Bernardo do Campo, provocou a interdição das pistas centrais da rodovia Anchieta na altura do km 13. Por volta das 18h30, as duas pistas foram liberadas.
Às 15h40, a CPTM começou a interditar parte da linha de trens D, que liga o centro de São Paulo ao ABC. Para contornar o problema, a empresa pediu à SPTrans, que gerencia os ônibus em São Paulo, 50 veículos usados em situação de emergência (greve, por exemplo) para deslocar passageiros. Os ônibus, porém, não conseguiram chegar às estações. Só às 18h20 a situação foi normalizada.
Também houve alagamento nas rodovias Régis Bittencourt (altura de Embu e Itapecerica da Serra) e Raposo Tavares (região de Cotia).

ABC
A região do ABC paulista foi a mais atingida pela forte chuva que começou por volta das 10h e só parou três horas depois.
Em São Bernardo do Campo, o Paço Municipal, sede da prefeitura, ficou alagado. Carros ficaram submersos e ônibus, ilhados.
"Só pude ficar observando", disse o padeiro Rogério Menguello, 19, que perdeu o carro no local. Ele conta que parou seu Santana no estacionamento e entrou no prédio da prefeitura.
Menos de meia hora depois, quando voltou, já não era mais possível salvar o veículo. A força da água impedia que ele ultrapassasse os cerca de 100 metros que o separavam de seu carro, avaliado em R$ 12 mil -sem seguro.
Segundo funcionários da prefeitura, cerca de 40 veículos foram danificados no local.
A prefeitura divulgou nota na qual diz que não houve vítimas por causa da enchente, só dano material. Segundo o texto, os seis piscinões na cidade funcionaram, mas a "quantidade de água que caiu em São Bernardo no período de três horas é o equivalente ao que choveu durante todo o mês de janeiro em anos anteriores".
Depois que a água baixou, mas ainda com a chuva atingindo a região, os comerciantes já faziam a limpeza e contabilizavam os prejuízos na tarde de ontem. "Perdi uns R$ 60 mil dos R$ 250 mil em mercadoria exposta. Fora os quatro, cinco dias até que fique tudo limpo", afirmou Sérgio Todesco, 42, dono de uma das lojas atingidas. "Mesmo com os piscinões aqui, não tem jeito", reclamou.
Segundo o balanço da prefeitura de Santo André, houve deslizamento de terra em quatro bairros da cidade. Cerca de 15 residências foram danificadas e 50 pessoas ficaram desabrigadas -ninguém ficou ferido. A Defesa Civil do município recebeu 110 chamados.
Em São Caetano do Sul, o transbordamento do ribeirão dos Meninos criou pontos de alagamento nas divisas com os municípios de São Bernardo do Campo e Santo André e na entrada da cidade, na avenida Guido Aliberti.

São Paulo
O Centro de Gerenciamento de Emergências da prefeitura paulistana registrou mais de 60 pontos de alagamento. A zona oeste ficou em estado de alerta e as demais, em atenção. Assim como o córrego Pirajussara (zona oeste), o Aricanduva (zona leste) transbordou e, às 13h30, provocou pelo menos seis pontos de alagamento na avenida de mesmo nome.
Algumas avenidas, como Aricanduva, Radial Leste e Francisco Morato, ficaram intransitáveis.
O trânsito ficou complicado na cidade. Às 19h30 a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou 91 km de congestionamento. Na terça-feira da semana passada, esse índice foi de 34 km e a média das terças-feiras de janeiro de 2004 foi de 82 km.
Segundo Neide Oliveira, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas na cidade de São Paulo têm estado acima da média histórica, calculada a partir de 1943.
A média para o mês de janeiro, 253 mm de chuva acumulada, foi superada em 2002 (284 mm), 2003 (317 mm) e 2004 (284 mm). Neste ano, até ontem pela manhã, foram registrados 95,4 mm.


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