São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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SAÚDE

Anvisa aponta falhas na fabricação do produto, que chega a 4 milhões de unidades por mês; consumidora alertou problema em 2003

Governo proíbe a venda do esmalte Impala

FABIANE LEITE
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após dois anos de reclamações de uma consumidora, o governo federal decidiu interditar toda a linha de esmaltes da marca Impala, fabricados pelo laboratório Avamiller de Cosméticos, de Guarulhos, Grande São Paulo. Os produtos estão suspensos para fabricação, distribuição, venda e uso em todo o território nacional, segundo informou a assessoria de imprensa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A empresa, que disse ter estranhado a decisão, faz esmaltes de apelo jovem, como os das linha Xuxa e Angélica, e tem também como destaque a linha hipoalergênica, entre outras. Cerca de 4 milhões de unidades são fabricadas por mês.
Ontem a Anvisa informou apenas que a interdição ocorreu em razão de problemas na fabricação.
Em agosto de 2005, a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo divulgou um laudo da Fiocruz sobre um dos lotes do Xuxa by Impala Glitter, 779 Top Prata, que apontava que o produto tinha pH próximo do limite que classifica uma substância como corrosiva. A linha Xuxa by Impala Glitter foi interditada em todo o país.
A empresa, à época, contestou a metodologia da análise.
A decisão da agência ocorreu após inspeção realizada em dezembro de 2005 na fábrica. Segundo a Anvisa, a verificação ocorreu em razão dos problemas detectados por São Paulo e pelo fato de a empresa ter produtos em todo o país.
"Na verdade, tudo foi empurrado por mim. Vigilância do Estado de São Paulo, Fiocruz. A Anvisa, então, nem se fala", contesta a produtora cultural Luiza Rotbart, 53, que afirma ter procurado o laboratório e as vigilâncias de SP e de Guarulhos em dezembro de 2003, após ter problemas alérgicos com o produto da linha Xuxa. Em maio de 2004, foi a vez da Anvisa. Mas nada ocorreu. Ela afirma ter visitado a sede da agência em novembro do ano passado para cobrar medidas a respeito do restante das linhas de esmaltes. Em dezembro, foi informada da inspeção pela ouvidoria da agência. "Eles precisam de uma rede de informação".
A produtora relata ter sofrido inicialmente inchaço das cutículas até que as reações atingiram as mãos, rosto, ouvidos e olhos.
A Anvisa informou que só soube do caso em julho de 2004, quando as reclamações de Luiza foram transmitidas pela ouvidoria. O órgão disse ter alertado a Vigilância Estadual e, seguindo as regras de descentralização, aguardado as providências de São Paulo, até decidir fazer a vistoria.
A vigilância de SP informou que a vistoria foi uma ação conjunta com a Anvisa.


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