São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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ESTRADAS

Sistema semelhante ao das marginais da Castello Branco será previsto em edital de novas concessões de rodovias de SP

Pedágio terá desconto para usuário habitual

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo vai embutir no próximo edital de concessão das estradas à iniciativa privada a previsão de desconto progressivo na tarifa de pedágio.
O sistema deve ser semelhante ao implantado nas marginais da Castello Branco há mais de três anos -pelo qual os usuários habituais da rodovia pagam menos.
Na Castello, os descontos chegam a 50,2% do preço integral para quem passa pela praça de pedágio 40 vezes ou mais por mês.
A informação foi confirmada à Folha por Ulisses Carraro, diretor-geral da Artesp (agência que regula as concessões no Estado). O edital para repassar à iniciativa privada as rodovias Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Dom Pedro 1º e Tamoios sairá neste semestre -a promessa inicial era até 2005.
A previsão da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de adotar os descontos progressivos consta do plano de metas da Artesp inclusive para as estradas sob concessão desde a década passada, incluindo os sistemas Anchieta-Imigrantes e Anhangüera-Bandeirantes.
Mas, segundo Carraro, isso não deve ser concluído em 2006 porque depende de negociação com as empresas. Para as rodovias que ainda serão concedidas, basta incluir a exigência nos editais.
Na campanha de 2002, Alckmin prometeu desativar algumas praças de cobrança de pista simples, mas só retirou uma até hoje.
A concessão de mais estradas faz parte do corredor de exportações planejado pelo Estado para o porto de São Sebastião. Após a concessão, a Tamoios terá uma pista adicional, mas também receberá pedágio. Na Dom Pedro 1º, de Campinas a Jacareí, no Vale do Paraíba, o pedágio deve subir.
O desconto progressivo é uma forma de amenizar as críticas ao modelo num ano de eleições, quando Alckmin pretende se candidatar pelo PSDB à Presidência.
Pesquisa da Artesp de 2005 com usuários dos 3.500 km de estradas gerenciadas pela iniciativa privada aponta que 95% estavam satisfeitos com os serviços, mas 77% consideravam os preços dos pedágios altos ou muito altos.
O Estado também tenta rebater as críticas aos pedágios com base num balanço feito em 2005. Vai argumentar que, a cada R$ 1 pago pelos motoristas, R$ 1,84 é revertido para a sociedade em forma, por exemplo, de redução de acidentes de trânsito ou dos custos de manutenção dos veículos.

O sistema
Nas marginais da Castello, ganha desconto o motorista que passar no mínimo dez vezes por mês pelos pedágios. O desconto começa em 2%, sobe para 4% para quem passa 11 vezes e assim por diante e chega ao máximo de 50,2%. A tarifa integral no local é de R$ 5,40 -podendo baixar para R$ 2,69 com os descontos, hoje subsidiados pelo Estado.
O desconto progressivo deve ser seguido pela facilitação da cobrança eletrônica, conhecida como Sem Parar, por meio da qual os motoristas instalam um tag (etiqueta eletrônica afixada no pára-brisa do veículo) e pagam uma fatura mensal. Hoje há resistência ao sistema pelo preço da taxa de adesão -R$ 48,50, válida por cinco anos- e de manutenção -R$ 8,65 por mês aos carros.
A gestão Alckmin já prometeu embutir na concessão os serviços de fornecimento dos tags e manutenção de graça ou com desconto.
Os próximos contratos terão uma previsão de reajuste anual das tarifas com base no IPCA, e não no IGP-M, válido para os atuais e que resultou em altas muito superiores aos demais índices de inflação no país.


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