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Mineradora não pagou multa por vazamento em 2006
Empresa Rio Pomba contesta multa de R$ 75 mil por lama despejada em março
Danos do acidente de quarta são ainda maiores; governo quer que empresa pague R$ 75 milhões após novo rompimento de barragem
CÍNTIA ACAYABA
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Mineração Rio Pomba Cataguases, interditada ontem
após o segundo acidente com
barragem de rejeitos de bauxita
da empresa em menos de um
ano, ainda não pagou multa de
R$ 75 mil referente ao vazamento de lama ocorrido em
março do ano passado.
A empresa, uma das mineradoras mais importantes do país
e a terceira maior produtora de
bauxita do Brasil, contesta a
multa na Justiça.
Na época, 400 milhões de litros de lama resultante da lavagem da bauxita atingiram rios
da região da zona da mata de
Minas, causando danos ambientais e interrompendo o
abastecimento de água em municípios do Rio de Janeiro.
Anteontem, a mesma barragem rompeu e cerca de 2 bilhões de litros de lama vazaram, causando danos ainda
maiores e afetando de novo o
fornecimento de água no Rio de
Janeiro -a expectativa é que,
hoje, pelo menos 100 mil pessoas de cinco municípios sejam
afetadas.
A cidade mineira de Miraí
(335 km de Belo Horizonte) foi
atingida duas vezes pelo vazamento de lama. Casas foram
destruídas e há, segundo o governo de Minas, cerca de 2.000
desabrigados. O município vizinho de Muriaé já sofria com as
enchentes que afetam a região
e agora está praticamente cercado pela lama, que deve atingir o Rio nesta madrugada.
Multa maior
O governo de Minas anunciou agora que vai multar a empresa em R$ 75 milhões e não
mais em R$ 50 milhões, como
informou anteontem. O valor
foi recalculado, já que a empresa é reincidente.
Segundo o secretário de
Meio Ambiente de Minas Gerais, José Carlos Carvalho, R$
75 mil era o valor máximo que
poderia ser aplicado como
multa até 2006. Mudanças na
legislação estadual de crimes
ambientais, disse, permitiram
que o valor agora seja maior.
A Feam (agência ambiental
mineira) informou que divulgará hoje o primeiro levantamento de impactos ambientais
do acidente. Todos os órgãos
mineiros envolvidos no atendimento ao desastre já descartaram a presença de componentes tóxicos na lama que vazou.
Carvalho afirmou que análises técnicas iniciais têm indicado presença de água, argila e
óxido de ferro na lama, componentes não-tóxicos.
"A decisão do Rio de cortar o
abastecimento de água em algumas cidades ocorre devido
ao nível de turbidez da água,
que torna impossível o tratamento em pequenas estações."
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)
em Minas confirmou que já
houve mortandade de peixes
na região atingida.
Em nota divulgada ontem, a
Rio Pomba voltou a afirmar
que a causa do rompimento da
barragem foram as chuvas e
que irá recorrer para pôr fim à
interdição decretada pelo governo mineiro.
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