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Temporal provoca nova avalanche de lama em cidade
Após chuva, lama que restava da barragem da Mineradora Rio Pomba Cataguases invadiu de novo casas e ruas em Miraí (MG)
Moradores faziam limpeza quando ocorreu o novo acidente; "é preciso que a empresa abrace problema que causou", diz prefeito
ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MIRAÍ (MG)
Após um dia inteiro iniciando a limpeza das ruas, a cidade
de Miraí (335 km de Belo Horizonte) recebeu mais uma avalanche de lama na madrugada
de ontem. Após 50 minutos de
temporal, parte da lama que
restava na barragem da Mineradora Rio Pomba Cataguases
invadiu de novo casas e ruas.
"Não adiantou a limpeza que
fiz ontem. Veio tudo de novo
igualzinho", lamentou Claudiana Gonçalves, 38, no bairro Indaiá, um dos mais afetados.
"Eu medi. O rio [Fubá] subiu
1,6 m ontem à noite em meia
hora! Não durmo há dois dias
preocupada com a minha casa",
disse Maria Aparecida Silva
Pontes, 34. Ela mora na zona
rural da cidade, próximo ao leito do rio. "Consegui salvar alguns eletrodomésticos, mas o
alimento estragou. Eu e meus
filhos estão passando fome."
Os bombeiros estimam que
500 pessoas estão desalojadas
desde quarta-feira. Já a prefeitura aponta 4.500 afetados. O
governo mineiro fala em 2.000.
Cerca de 40% da área urbana
do município está sob argila.
A prefeitura disponibilizou
uma escola para os desalojados,
mas apenas 40 pessoas ocupavam as salas do colégio ontem
pela manhã. A maioria dos atingidos se transferiu para casas
de amigos e parentes.
Após a quebra da barragem,
foram feitos dois diques para
segurar a lama que ainda restava. A força da chuva fez com
que as barreiras cedessem.
Parte do centro -na parte
superior da cidade- também
ficou enlameada, pois misturou
água com o barro que os tratores traziam de outros locais.
Segundo o diretor-executivo
da Fundação Estadual de Meio
Ambiente (Feam) de Minas, Ilmar Bastos, a barragem seria
desativada em dois anos, quando atingiria o máxima da capacidade de armazenamento de
argila. Ela estava havia 12 anos
em funcionamento.
"O cronograma acertado com
a Feam, Ministério Público e a
empresa estava sendo cumprido", disse. Segundo ele, sete vistorias foram feitas na barragem
desde março, quando ocorreu o
primeiro acidente. A próxima
seria no próximo dia 15.
As vistorias, porém, não detectaram a possibilidade de
rompimento da barragem.
A cidade de Muriaé, vizinha a
Miraí, ficou alagada. Parte da
lama que escorreu pelo rio Fubá invadiu as casas. No entanto,
Muriaé já estava alagada antes
da quebra da barragem, devido
às chuvas na região.
Atingidos, não-atingidos e o
prefeito Sérgio Rezende
(PMDB) descarregaram toda a
raiva em discursos contra a Mineradora Rio Pomba. Com dois
acidentes em menos de um
ano, a empresa, há 13 anos na
cidade, não é mais bem-vinda.
"É preciso que a empresa
abrace este problema que causou", disse o prefeito. A empresa, diz ele, a empresa paga R$
6.000 de imposto ao mês e gera
cerca de 105 empregos.
Além da mineradora, a principal empresa da cidade, uma
tecelagem que fica às margens
do rio Fubá, foi totalmente invadida pela lama.
Apesar do acidente, o abastecimento de água não foi afetado, pois as cidades mineiras são
abastecidas por outros rios. O
temor é com Laje do Muriaé,
Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira e São José do Ubá, no Rio.
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