São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

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Menina de 4 anos é detida por policiais após pedrada

Em Minas, garota atirou uma pedra para o alto, que acabou acertando um menino

Sargento da PM chegou a chamar reforço; subcomandante de batalhão classificou o procedimento de equívoco

Carlos Roberto/"Hoje em Dia"
Menina de 4 anos, com o pai, que foi detida pela PM após jogar uma pedra e acertar garoto


JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma menina de quatro anos foi detida e levada em um carro da Polícia Militar a uma delegacia em Belo Horizonte, no domingo, após jogar uma pedra para o alto que acertou a cabeça de um garoto da mesma idade.
O policial chegou a pedir reforço e seis PMs acabaram, no total, atuando na "operação".
Segundo o pai dela, um auxiliar administrativo de 35 anos, as duas crianças brincavam na rua, quando a menina jogou a pedra para o alto, que acabou atingindo a cabeça do garoto.
A mãe dele, pensando que a pedra tivesse sido jogada por um adulto, parou um carro de polícia que passava pelo local.
"Ele teve um pequeno corte na cabeça e um hematoma. O sargento que desceu do carro perguntou quem tinha jogado a pedra. Minha filha falou que havia sido ela e pediu desculpas. Já estava tudo resolvido, não tinha porque ele fazer o que fez", disse o pai da menina.
Segundo ele, o sargento Joval Ribeiro Filho, do 13º Batalhão da PM, disse que teria de levar a menina à delegacia. O pai conta que não aceitou e que o policial, que estava com um colega, chamou reforço. Outros dois carros da PM foram ao local.
Pai e filha foram encaminhados à 4ª Delegacia de Plantão de Venda Nova. O menino ferido foi levado a um hospital e liberado em seguida. "Minha filha ficou muito assustada, chorou muito, me perguntava se estava sendo presa, ficamos chocados." Ele relatou que ficaram cerca de três horas no prédio até serem liberados.
A Polícia Civil nega que a criança tenha entrado na delegacia. O delegado de plantão, Felipe Cordeiro, disse que, assim que viu o carro da PM chegar com os dois, os liberou.
"Ele que pediu para ficar e ter uma cópia da ocorrência. A criança em nenhum momento entrou na delegacia." O caso foi registrado como lesão corporal.
O delegado-seccional de Venda Nova, Wellington Peres, afirmou que o caso foi para o Conselho Tutelar. "Não é competência da polícia esse caso e isso foi explicado ao PM."
O subcomandante do 13º BPM, major Alex Souza, classificou de "um equívoco" o procedimento. "Houve um crime, ela atirou uma pedra, acertou uma pessoa. Houve uma lesão corporal. Mas não cabia a condução da menina à delegacia. Infelizmente fizeram um procedimento inadequado. Mandamos apurar, instauramos uma sindicância."
A reportagem não conseguiu localizar o sargento. O major disse que não poderia informar o telefone do sargento, que trabalhou normalmente ontem.


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