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SP tira presas de uma cadeia e superlota outra
Para resolver superlotação em Monte Mor, 24 detentas vão para Brotas, e capacidade de cadeia é ultrapassada
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Para tentar remediar o problema da Cadeia Pública Feminina de Monte Mor, o governo
do Estado de São Paulo descumpriu uma decisão judicial e
superlotou a cadeia de Brotas
(245 km de SP), transferindo
24 detentas para o local.
O governador José Serra
(PSDB) determinou anteontem o imediato remanejamento de 40 presas da cadeia de
Monte Mor para outras cadeias. A decisão de transferir as
presas foi tomada um dia após a
Folha revelar que 119 presas
eram mantidas em uma espaço
destinado a 12 mulheres.
Além da superlotação em
Monte Mor, as presas relataram enfrentar condições subumanas no local. Parte delas
dorme em um pátio sem teto.
Ontem, 24 foram transferidas para Brotas. Segundo o
promotor da cidade, Marcus
Patrick Manfrin, a cadeia tinha
31 presas. Agora, passou a ter
55. A capacidade é para 42.
Ele diz que houve descumprimento de ordem judicial.
Em janeiro de 2006, a Justiça
decidiu que a cadeia de Brotas
poderia receber no máximo 42
presas e que todas elas deveriam ser da cidade ou da região.
"A cadeia não tem estrutura
elétrica, hidráulica e de segurança para comportar mais 24
presas. Agora a situação ficou
caótica", disse.
O promotor encaminhou um
ofício ontem à tarde à Justiça
pedindo prazo de 48 horas para
que as presas sejam removidas
da cadeia- que tem sete celas.
O prazo passa a contar a partir
do momento em que a Justiça
notificar o Deinter-9 (Departamento de Polícia Judiciária do
Interior), órgão do Estado responsável pela região.
No ofício à Justiça, o promotor pede que o Deinter-9 informe "se a medida foi tomada por
decisão superior" e que cópia
desta ordem seja entregue à
Justiça com a informação de
onde partiu a determinação.
A assessoria de imprensa do
governador diz que a transferência decorreu de "uma situação emergencial e que na próxima semana as mulheres serão recebidas pelo sistema penitenciário do Estado".
A pena prevista para o crime
de descumprimento de ordem
judicial é detenção de 15 dias a
seis meses, além de multa.
Das outras 16 presas transferidas, nove foram para penitenciárias, pois são condenadas. As demais foram para
Águas da Prata, onde não há superlotação.
O relator da CPI do Sistema
Carcerário da Câmara dos Deputados, Domingos Dutra (PT-MA), diz que uma sub-relatoria
para apurar a situação das mulheres em prisões vai investigar
a situação em Monte Mor.
Visitas
Sob o argumento de combater situações como a da adolescente L., presa por 26 dias com
cerca de 20 homens em Abaetetuba (PA), o CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) editou em
21 de dezembro uma resolução
determinando visitas mensais
de juízes a cadeias e penitenciárias brasileiras. Após a inspeção, os juízes deverão apresentar à corregedoria do tribunal
onde trabalham um relatório
mensal sobre as condições encontradas, sob pena de sofrer
medidas disciplinares.
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