São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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ANTONIO PRATA

O grande timoneiro


Lula só será realmente aclamado pelas massas se der ao Corinthians o Mundial, a Libertadores e um estádio

TEM MUITA GENTE preocupada com o futuro do ex-presidente Lula. Numa noite, ele decidia os rumos de 190 milhões de brasileiros; na manhã seguinte, sua única responsabilidade é acabar com uma goteira no apartamento em São Bernardo: será que os pastéis da Marisa serão suficientes para reinflar sua autoestima, espremida pela súbita freada?
Os otimistas sugerem que a criação do Instituto Lula resolverá a questão. Ok, ter um prédio com o seu nome escrito no topo é sempre bom para o ego, mas uma hora ou outra, entre visitas de comitivas africanas e turmas escolares, entre um projeto com a ONU e outro com o Bono Vox, o ex-presidente caminhará pelos corredores e uma única ideia percorrerá os cômodos vazios de sua mente: não é o Planalto.
E ele logo se exasperará, pedirá para dar voltas no Aerolula e fazer churrasco na Granja do Torto, telefonando dia e noite para Dilma.
A solução, meus caros, surgiu das ruas e já pode ser ouvida quicando em blogs e botecos: em vez de Lula descer um degrau, deverá subir, assumindo o único cargo que se encontra acima da Presidência da República: a presidência do Corinthians.
É só questão de tempo até a diretoria corintiana abraçar a proposta e levá-la ao ex-mandatário.
Tirar 40 milhões de brasileiros da miséria é um feito considerável, e o povo lhe é grato por isso, mas Luiz Inácio só será realmente aclamado pelas massas se vencer outros três desafios: dar ao Corinthians, pela primeira vez na história deste país, a Libertadores, o Mundial e seu próprio estádio. Em São Bernardo, será?
Claro que a diretoria corintiana terá de fazer algum esforço para que Lula, diante de tanta emoção, não cometa certos exageros, como querer escalar o time pessoalmente ou, até mesmo, atuar em campo.
Para tanto, cogita-se a contratação de um técnico de peso, a quem Lula ouviria. Segundo um amigo, que tem vínculos com o Parque São Jorge, o nome mais cotado é o de Diego Armando Maradona. Sua vinda estreitaria os laços com o Mercosul e ajudaria a escrever mais uma página da história do nosso clube: depois da democracia corintiana, o socialismo corintiano.
Como seria a gestão alvinegra de Lula, ninguém sabe, mas parece que a diretoria do Palmeiras já prepara o contra-ataque. Devem chamar para presidir o time, em breve, outro grande nome da política nacional, cuja autoestima, ultimamente, também precisa de um afago: José Serra.
O único entrave, até agora, para que o Paulistão passe a eclipsar o Campeonato Europeu, a Copa e as Olimpíadas, é a ala corintiana do PMDB, que tem causado muita dor de cabeça à presidente Dilma.
A imprensa noticiou que o alvoroço da semana passada era por cargos no segundo escalão, mas a verdade é outra: o partido aliado exige, caso Lula candidate-se à presidência do Timão, o direito de indicar o vice. Do contrário, fará retranca no Congresso.
Hoje ou amanhã, Andres Sanchez deve reunir-se com Palocci e Sarney para levar-lhes a solução, sugerida pela Gaviões: tudo bem que o vice seja do PMDB, desde que seja Marcela Temer.
Alguns corintianos já estão a bradar pelas janelas: "El, el, el, o Barba é da Fiel!", mas a maioria prefere a cautela. Como se diz por aí, a política é uma caixinha de surpresas e a negociação só acaba quando termina.

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