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Jardim Romano fica seco, mas vizinhos continuam submersos
Dique feito pela prefeitura impede a passagem da água do Tietê
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Rua símbolo da grande enchente que atingiu no ano
passado o Jardim Romano,
na zona leste de São Paulo, a
Capachós amanheceu seca
após a tempestade, causando inveja aos vizinhos, que ficaram com água até o joelho.
Os investimentos de
R$ 700 milhões feitos pela
Prefeitura de São Paulo e pelo Governo do Estado para
evitar que a água empoçasse
na rua e atingisse casas surtiu efeito. Mas apenas no Jardim Romano (também conhecido como Jd. Pantanal).
O Ceu (Centro Educacional
Unificado) e prédios populares invadidos pela água ano
passado ficaram intactos.
Mas a menos de 1 km dali
as vias continuaram enchendo de água. "Começa a chover e vem o desespero. Ano
passado ficamos oito dias
com água até o joelho em casa. Por nós, a prefeitura não
fez nada", diz Carolina Rosa
da Silva, 46, na Vila Itaim.
"A obra só adiantou para o
Jardim Romano. O dique só
protegeu o CEU que é a obra
principal da prefeitura", reclama Daniel José da Costa,
48, um dos representantes
comunitários da Vila Itaim e
do Jardim Santa Margarina,
outro bairro inundado perto
da rua Capachós. Até o início
da noite, a água ainda não
havia baixado na região.
Na Chácara Três Meninas,
também perto do Jardim Romano, Leandro, 2 meses, foi
retirado às pressas pelos pais
do berço que já estava boiando. A casa dele foi invadida
pela água rapidamente.
Ali perto, na estrada do
Itaim, crianças imersas na
água suja ofereciam a motoristas ajuda, em troca de dinheiro, para passar pela área
alagada -tanto do lado de
São Paulo da via, como do lado de Guarulhos.
Na rua Araçaí, a dois minutos da Capachós, já em Itaquaquecetuba, pessoas se
alimentavam de peixes achados na água que chegava ao
joelho, por onde também circulavam sanguessugas.
Lá, moradores diziam que
a obra do Jardim Romano
piorou a situação para eles.
Isso porquê, diziam, o dique construído pela prefeitura -uma espécie de mureta
que barra as águas do rio Tietê- estaria impedindo a passagem da água para o lado de
SP, "represando" a água em
Itaquaquecetuba.
A Prefeitura de SP não se
manifestou sobre a questão
até a conclusão dessa edição.
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