DA REPORTAGEM LOCAL

Integrantes da CPI da Operação Faria Lima acreditam que a incorporadora Munir Abbud só investiu em uma obra irregular, em plena Vila Olímpia (zona oeste de SP), porque já contava com a omissão e até mesmo a corrupção de agentes vistores e fiscais da Subprefeitura de Pinheiros.
A empresa é responsável pela escavação de um buraco de 4.300 m2 -sob um terreno público- em uma das áreas mais valorizadas da cidade.
Os vereadores Nabil Bonduki (PT) e Milton Leite (PMDB), relator da CPI, levantaram essa suspeita após o depoimento do empresário Jefferson Abbud, sócio-diretor da Munir Abbud, responsável pelo empreendimento. O empresário negou que a obra tenha sido fiscalizada antes dos pedidos da própria CPI, em dezembro do ano passado, mas o argumento do empresário de que a obra teria sido feita contando com a aprovação de um projeto de lei que alargaria a rua Funchal, e que poderia possibilitar à empresa a compra da área, não convenceu os vereadores.
"Como um empresário faz um investimento baseado na incerteza? Ninguém investe dessa forma. Suspeito que haja envolvimento de funcionários públicos nisso. Não é possível que uma obra desse porte tenha sido tocada e ninguém tenha visto", afirmou Leite.
Bonduki afirmou que "a certeza" do empresário deve ter partido da "presunção de que não haveria fiscalização no local".
O empresário disse aos vereadores que não tem acesso aos fiscais responsáveis pelas vistorias nas obras. Para ele, a empresa errou ao fazer o investimento.
"Nunca houve essa garantia [aprovação do projeto de alteração da Funchal". O erro foi que tínhamos a certeza da aquisição dessa área. Houve um ideal e uma falha de avaliação porque, tecnicamente, acreditávamos na mudança de traçado", disse Abbud.
Acompanhado por três advogados, Marcelo Terra, Antônio Sérgio Pitombo e Cláudio Oile, e um assessor de imprensa, contratado dias antes de o empresário ser convocado para depor na CPI, Abbud não quis dar entrevista.
Na segunda-feira, a Munir Abbud pagou, integralmente, segundo o advogado do caso, multa de R$ 450 mil. A obra está embargada desde quinta passada e não há data para que seja retomada.
A CPI deverá ter os trabalhos finalizados amanhã. A partir daí, os vereadores têm 15 dias para preparar o relatório e publicá-lo no "Diário Oficial" do município. (PALOMA COTES)


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