São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

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EDUCAÇÃO

Eles dizem que é importante saber quem arca com os custos da vaga aberta e pedem mais discussão

Dirigentes questionam gratuidade

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dirigentes de associações que representam as universidades privadas e filantrópicas dizem apoiar propostas que abram caminho para a inclusão social no ensino superior, mas avaliam que a proposta do ministro Tarso Genro de abrir vagas públicas nas instituições particulares necessita de mais estudos.
Para o presidente do Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), Paulo Alcântara Gomes, nenhuma vaga aberta é gratuita. "Ou o governo ou a mensalidade financiam as vagas daquele momento. O que estamos discutindo é como fazer esse financiamento."
Segundo Gomes, a proposta de "estatização" ajuda a resolver o problema de evasão das instituições. "As propostas estão sendo analisadas, mas temos convergência com o MEC."
Já o terceiro-vice-presidente da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Educação Superior), Antonio Carbonari Netto, disse que o problema não é abrir vagas, mas ter o custo e saber quem pagará.
Na opinião de Aldo Vannuchi, presidente da Abruc (Associação Brasileira das Universidades Comunitárias), é preciso, primeiramente, o MEC distinguir as universidades privadas das filantrópicas. A diferença fundamental, diz ele, é o fato das comunitárias não visarem lucro e de reinvestirem o dinheiro recebido das mensalidades na própria instituição.
Vannuchi diz que a maioria das filantrópicas cumpre a lei no sentido de prestar serviço à comunidade. "É um erro fazer conta apenas das bolsas de estudo. Todas as instituições prestam serviços à comunidade", afirma. Ele cita o exemplo do centro de reabilitação dos distúrbios da comunicação da PUC de São Paulo, que atende a população gratuitamente.
"Vamos ter que recomeçar a catequese", diz Vannuchi, referindo-se à necessidade de explicar ao MEC as atividades das filantrópicas, o que já havia sido feito na gestão de Cristovam Buarque.
Para Edson Franco, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior, a melhor forma de inclusão social nas universidades privadas seria o MEC aumentar o acesso ao financiamento estudantil. "É preciso mudar regras. A exigência de fiador [pela Caixa Econômica Federal] para alunos carentes é um contra-senso", afirma.
Franco avalia que não há outra maneira de as universidades privadas arcarem com os custos dos alunos senão por meio de uma parceria com o governo federal.


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