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SEGURANÇA
Segundo pesquisa Datafolha, 41% se sentem mais seguros do que com medo; temor é mais comum entre os negros
Diminui desconfiança do paulistano na PM
DA REDAÇÃO
O morador da cidade de São
Paulo tem hoje mais confiança na
ação da Polícia Militar do que
quatro anos atrás. Segundo pesquisa Datafolha, em dezembro último, diante de um policial militar, 41% dos paulistanos se sentem mais seguros do que com medo. Em 1999, essa taxa era de 30%.
Mesmo assim, a maioria (54%)
tem mais receio do que confiança
no corpo de segurança do Estado.
O índice é segundo menor desde
1995, quando o Datafolha iniciou
esse tipo de consulta ao paulistano.
Outra característica importante
desse medo: são, principalmente,
os jovens (68% dos que têm entre
16 e 25 anos) que o expressam.
Os próprios números da Secretaria da Segurança Pública de São
Paulo justificam o pavor. Em
2003, 756 civis foram mortos por
PMs no Estado. Um crescimento
de 39,74% em relação ao ano anterior (541 casos). Na versão policial, as mortes foram supostamente em situação de confronto.
Fato recente reforça a desconfiança do abuso policial. O dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, 28,
negro, foi morto com dois tiros no
último dia 3, após ser confundido
com um ladrão. Seis PMs estão
presos, acusados de forjar a versão de que o dentista foi morto
após reagir à tentativa de prisão.
Bandido ou polícia
O nível de medo dos criminosos, curiosamente, está no mesmo
da força policial. De acordo com a
pesquisa, 52% dos moradores de
São Paulo afirmam temer mais os
bandidos do que os policiais. Esse
comportamento é mais verificado
entre os homens e mulheres brancas (55% e 62%, respectivamente)
do que em outros segmentos.
Entre os jovens (16 a 25 anos)
que se declararam pretos e pardos, o temor da polícia é maior do
que dos bandidos (45% e 40%).
Entre os brancos da mesma idade,
a taxa é de 35%.
Abordagem policial
O Datafolha também identificou uma faceta já difundida na
forma como a Polícia Militar
aborda as pessoas: a cor da pele
justifica um tratamento diferente.
Na média da cidade, 46% de
seus moradores com mais de 16
anos declaram já ter sido parados
alguma vez para serem revistados
por policiais.
Quando se detalha essa informação pela cor auto-atribuída do
entrevistado, verifica-se que 86%
dos homens que se consideram
pretos já enfrentaram uma revista
policial na rua. Entre os brancos,
71% tiveram essa experiência. Entre os pardos, 82%.
Se o paulistano for preto e jovem (16 a 25 anos), a incidência da
abordagem policial é maior, atinge 91% do segmento. Essas mesmas pessoas, foram, em média,
revistadas cerca de 10,6 vezes.
Brancos do mesmo segmento etário sofreram revista policial, em
média, 7,4 vezes.
A grande maioria afirma que
nunca foi ofendida verbalmente
por um policial (80%) ou agredida fisicamente (92%).
No entanto, os relatos de agressões verbais e físicas são mais presentes entre os que se dizem pretos. No segmento masculino da
amostra, 32% declararam já ter sido alvo de agressão verbal de um
policial. Outros 16% falaram que
foram atingidos por investidas
violentas de integrantes da PM.
Entre os homens negros, essas
taxas passam, respectivamente,
para 38% e 20%. Os jovens negros
declararam que em média já foram agredidos fisicamente 4,4 vezes. Os jovens brancos têm uma
média 50% menor -2,2 vezes.
Pena de morte
A maioria dos paulistanos
(60%) é a favor da pena de morte.
É curioso notar que entre os que
se dizem pretos, o apoio a essa
proposta de punição é maior
quanto mais velho for o entrevistado. Entre os jovens, 41% são a
favor; entre os de 26 a 40 anos,
65%; e entre os que tem 41 ou
mais anos, 69%.
Comportamento semelhante se
verifica quando se pergunta ao
entrevistado se ele é a favor ou
contra a adoção da prisão perpétua no Brasil.
A medida conta com o apoio de
80% dos paulistanos. Entre os que
pretos, 76%. E a posição favorável
é declarada com mais freqüência
os mais velhos desse segmento
-88% dos que têm 41 anos ou
mais. A proposta encontra eco em
pouco mais da metade dos pretos
que têm idade entre 16 e 25 anos
(57%) e em 84% daqueles que têm
de 26 a 40 anos.
Metodologia
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 19 de novembro e
3 de dezembro de 2003. Foram
entrevistados 4.509 moradores da
cidade de São Paulo.
O levantamento é feito por
amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório
dos entrevistados. A população
paulistana com 16 anos ou mais
foi tomada como universo da pesquisa. A margem de erro máxima
é de dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
A pesquisa foi desenvolvida pela Gerência de Pesquisa de Opinião do Datafolha.
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