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Contran afirma que multa por capacete sem selo será anulada
Quem já foi notificado deverá entrar com recurso; cancelamento só será automático no caso de infrações ainda não processadas
Para os motociclistas, idas e vindas do governo põem em descrédito a credibilidade das mudanças da legislação de trânsito no país
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) afirma que todas as multas aplicadas no país
desde 1º de janeiro deste ano
-quando a exigência começou
a valer- pela falta do selo ou
etiqueta do Inmetro e das faixas refletivas nos capacetes deverão ser canceladas.
Mas a orientação não será tão
simples de ser cumprida. O
cancelamento pode até ser automático nos casos de multas
ainda não processadas. Porém
quem já recebeu a notificação
deverá entrar com recurso para
anular a penalidade de R$
127,69 e cinco pontos na CNH.
Embora alguns órgãos de
trânsito tivessem relaxado na
fiscalização da norma -até devido à polêmica criada-, outros aplicaram multas normalmente, seguindo a recomendação do próprio Contran.
A Polícia Militar de São Paulo
diz que inicialmente adotou só
uma orientação educativa dos
motociclistas, mas que depois
passou a multar os infratores.
Ela não soube informar, entretanto, desde quando e a quantidade de autuações realizadas.
Descrédito
Entidades que representam
os motociclistas pressionaram
pela alteração da exigência do
selo do Inmetro, mas avaliaram
que as idas e vindas da regra
-que já havia sofrido seguidos
adiamentos- põem em descrédito a credibilidade de mudanças da legislação de trânsito.
O mesmo já ocorreu com a
regulamentação do serviço de
motofrete em São Paulo -exigindo, por exemplo, baú e colete com faixas refletivas para
quem faz entregas- anunciado
e nunca adotado com rigor por
seguidas gestões municipais.
"O poder público precisa se
preocupar em discutir antes as
decisões", afirmou Lucas Pimentel, da Abram (Associação
Brasileira dos Motociclistas).
A nova regra poderá enfrentar dificuldades de fiscalização
porque há capacetes em que a
data de fabricação pode ter saído -impossibilitando saber se
é de antes de agosto de 2007.
O presidente do Contran, Alfredo Peres da Silva, rejeita a
comparação da norma com a do
kit de primeiros-socorros exigido nos anos 90 -e que foi suspenso após enxurrada de contestações sobre sua utilidade.
Ele alega que a exigência de
certificação e faixa refletiva dos
capacetes segue uma tendência
mundial para a segurança dos
motociclistas. Argumenta ainda que quem correu às lojas para se adaptar não perdeu dinheiro, porque terá um produto seguro e porque a fiscalização será feita a partir de junho.
(ALENCAR IZIDORO E RICARDO SANGIOVANNI)
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