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Contra infarto, Inglaterra incentiva sexo
Serviço de saúde do governo inglês recomenda exercícios sexuais como forma de prevenir doenças cardiovasculares
Endorfinas liberadas durante o ato ajudam a viver mais; produção de hormônios extras mantém ossos sadios e previne rugas
DA REPORTAGEM LOCAL
O serviço de saúde inglês
(NHS), uma espécie de SUS britânico, tem feito uma recomendação pouco ortodoxa como
forma de prevenir doenças cardiovasculares: a prática de
exercícios sexuais.
Em seu site oficial, o órgão
diz que "sexercise" (exercício
sexual) pode diminuir os riscos
de ataques cardíacos e ajudar as
pessoas a viver mais. "As endorfinas liberadas durante o
orgasmo estimulam as células
do sistema auto-imune."
Segundo o NHS, durante a
relação sexual são usados todos
os grupos musculares, o que faz
com que "o coração e os pulmões trabalhem duro e haja
uma queima de cerca de 300
calorias por hora".
O serviço afirma ainda que a
produção extra dos hormônios
estrógeno e progesterona, envolvida na relação sexual, ajuda
a manter os ossos e os músculos sadios e previne rugas.
O NHS também dá dicas de
como otimizar a vida sexual.
Sobre orgasmo, aconselha:
"Passe algum tempo consigo
mesmo para aprender o que o
excita". Também ensina exercícios para os músculos da pélvis. "Pare e reinicie seu fluxo de
urina quando for ao banheiro.
Depois disso, é possível se exercitar em qualquer lugar, a qualquer momento, em seqüências
de dez a 20 contrações."
Sobre masturbação, o serviço
diz que a prática é útil para explorar o próprio corpo. "Para
homens, ajuda a conter a ejaculação, para que não ocorra cedo
demais; para mulheres, facilita
a chegada ao orgasmo."
Para a psiquiatra Carmita
Abdo, professora da Faculdade
de Medicina da USP, a iniciativa tem "tudo a ver" com a prevenção de doenças cardiovasculares. "É um bom exercício,
libera endorfina. Tem muita
gente que detesta exercício em
academia porque se sente excluído, um robô. O sexo é um tipo de exercício que inclui, que
envolve afeto, carinho. Um é o
personal trainer do outro", afirma a médica.
Para ela, sexo problemático
pode estar associado a doenças
cardíacas. "O coração é feito do
mesmo tecido interno [endotélio] que reveste os órgãos sexuais. No homem, a disfunção
erétil pode, muitas vezes, sinalizar uma doença cardíaca."
O cardiologista Otávio Rizzi
Coelho, da Unicamp (Universidade de Campinas), afirma que
existe um mito entre as pessoas
que sofreram infartos ou outras
doenças cardíacas de que o sexo
seria contra-indicado. "Não faz
mal. A quantidade de energia
despendida não é muito grande. Pode, sim, ter uma vida sexual sem riscos adicionais."
Para ele, as orientações do
serviço inglês são fundamentais para cardiopatas e para
quem quer prevenir eventos
cardiovasculares.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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