São Paulo, terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

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Após polêmicas, comandante da PM do Rio assume calado

Marcus Jardim assumiu área da capital do Estado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Conhecido no Rio pelas declarações polêmicas, o coronel Marcus Jardim assumiu calado a função de comandante do 1º CPA (Comando de Policiamento de Área), da PM, responsável pela capital do Estado.
Por recomendação da Secretaria de Segurança Pública, Jardim não discursou ontem na posse. Ouviu em silêncio os discursos do coronel que substituiu, do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e do secretário José Mariano Beltrame.
Preocupados com a repercussão de um discurso contundente na posse, os membros do estafe de Beltrame decidiram, na noite de anteontem, sugerir ao novo comandante-geral da PM, coronel Gilson Pitta, que não fosse dado a Jardim oportunidade para falar em público.
Com 26 anos de PM, Marcus Jardim Gonçalves, 46, tornou-se conhecido no ano passado, quando comandou o 16º Batalhão de PM, na zona norte. Tropas sob seu comando participaram de maio a dezembro de confrontos quase diários com criminosos do complexo de favelas do Alemão. Entidades de defesa dos direitos humanos contabilizam no período cerca de cem mortes supostamente cometidas por PMs.
Algumas de suas frases surpreenderam. Em novembro, ele disse que 2007 seria o ano dos "três pês: PAN, PAC e pau". Em depoimento na Assembléia Legislativa sobre a ação policial no Alemão, reclamou com deputados: "Um garoto de 12 anos mata um de nós e ninguém fala nada. Quando é o contrário, há todo esse sensacionalismo".
Jardim já disse considerar inevitáveis a morte de inocentes em operações em favelas. Para ele, baile funk em comunidades carentes não passa de "reunião de vagabundos".
Embora não tenha discursado, o coronel deu entrevistas após a posse. Nas respostas, procurou evitar polêmicas. Disse que não tem "nada contra o funk", que definiu como "um fenômeno popular".
"Vamos trabalhar com a lei, conjugando oportunidade e conveniência. Não adianta [agir] quando o evento já está montado. Vai haver um confronto onde inocentes irão morrer. Nós não queremos isso", disse ele.
Jardim é considerado uma espécie de comandante da política de enfrentamento nas favelas instaladas a partir da posse de Cabral Filho, em janeiro do ano passado. O governador negou que exista essa política. Mas que policiais precisam reagir quando recebidos a tiros.


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