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Após polêmicas, comandante da PM do Rio assume calado
Marcus Jardim assumiu área da capital do Estado
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Conhecido no Rio pelas declarações polêmicas, o coronel
Marcus Jardim assumiu calado
a função de comandante do 1º
CPA (Comando de Policiamento de Área), da PM, responsável
pela capital do Estado.
Por recomendação da Secretaria de Segurança Pública, Jardim não discursou ontem na
posse. Ouviu em silêncio os discursos do coronel que substituiu, do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e do secretário José Mariano Beltrame.
Preocupados com a repercussão de um discurso contundente na posse, os membros do
estafe de Beltrame decidiram,
na noite de anteontem, sugerir
ao novo comandante-geral da
PM, coronel Gilson Pitta, que
não fosse dado a Jardim oportunidade para falar em público.
Com 26 anos de PM, Marcus
Jardim Gonçalves, 46, tornou-se conhecido no ano passado,
quando comandou o 16º Batalhão de PM, na zona norte. Tropas sob seu comando participaram de maio a dezembro de
confrontos quase diários com
criminosos do complexo de favelas do Alemão. Entidades de
defesa dos direitos humanos
contabilizam no período cerca
de cem mortes supostamente
cometidas por PMs.
Algumas de suas frases surpreenderam. Em novembro,
ele disse que 2007 seria o ano
dos "três pês: PAN, PAC e pau".
Em depoimento na Assembléia
Legislativa sobre a ação policial
no Alemão, reclamou com deputados: "Um garoto de 12 anos
mata um de nós e ninguém fala
nada. Quando é o contrário, há
todo esse sensacionalismo".
Jardim já disse considerar
inevitáveis a morte de inocentes em operações em favelas.
Para ele, baile funk em comunidades carentes não passa de
"reunião de vagabundos".
Embora não tenha discursado, o coronel deu entrevistas
após a posse. Nas respostas,
procurou evitar polêmicas.
Disse que não tem "nada contra
o funk", que definiu como "um
fenômeno popular".
"Vamos trabalhar com a lei,
conjugando oportunidade e
conveniência. Não adianta
[agir] quando o evento já está
montado. Vai haver um confronto onde inocentes irão
morrer. Nós não queremos isso", disse ele.
Jardim é considerado uma
espécie de comandante da política de enfrentamento nas favelas instaladas a partir da posse
de Cabral Filho, em janeiro do
ano passado. O governador negou que exista essa política.
Mas que policiais precisam reagir quando recebidos a tiros.
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