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Jovens de classe média são presos acusados de tráfico
PF prendeu 55 pessoas, de dois grupos, em sua maior ação de combate à venda de drogas sintéticas
Suspeitos negam acusações;
presos têm idade média de
26 anos, moram em bairros
privilegiados e usam a
internet nas negociações
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Na sua maior ação para combate à venda de drogas sintéticas, a Polícia Federal prendeu
ontem 55 pessoas acusadas de
tráfico, 40 delas no Rio, tendo
como características a idade
média de 26 anos, serem esportistas, moradores de bairros
privilegiados e usarem a internet para negociar as drogas.
As operações Nocaute e Trilha foram feitas em conjunto
por 300 policiais para tentar
desarticular duas quadrilhas
cariocas com ramificações em
oito outros Estados: Santa Catarina, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e
Distrito Federal.
As duas quadrilhas diferem
na estrutura, mas os presos têm
o mesmo perfil de idade, são
adeptos da prática de esportes e
moradores de bairros nobres.
Eles movimentaram cerca de
R$ 1 milhão por mês exportando cocaína e importando drogas sintéticas, mas, em depoimentos, não se definiram como
traficantes, diz a PF. Alguns dos
presos faziam parte dos dois
grupos desbaratados ontem,
que atuavam separadamente.
Ao longo de dez meses de investigações, foram apreendidos
cerca de 112 mil comprimidos
de ecstasy e 115 mil micropontos de LSD, além de cocaína,
haxixe, maconha, lança perfume e skunk. As drogas eram
vendidas em festas.
Segundo a PF, os grupos enviavam "mulas" (pessoas contratadas para transporte de
drogas) com cocaína trazida da
Bolívia e do Paraguai para a Europa. Na volta, essas pessoas
traziam ecstasy e LSD. Cada
viagem custava em torno de R$
20 mil e o lucro com a venda
dessas drogas chegava a R$ 250
mil. As "mulas" ficavam com
R$ 4.000 ou 10 % da droga. Eles
costumavam usar casais para
levarem as drogas, para evitar
despertar suspeitas. Segundo o
delegado Fábio Andrade, a
maioria das "mulas" eram
prostitutas e desempregados.
As investigações começaram
há um ano, com a apreensão de
990 gramas de cocaína por policiais franceses no aeroporto
de Orly (França). Outro brasileiro preso em março ajudou
nas investigações. Além da polícia francesa, a investigação teve apoio de policiais dos EUA.
A droga encontrada na França estava escondida no fundo
falso de uma mochila da marca
Trilhas & Rumos, que deu nome à operação para desmontar
a quadrilha que funcionava como uma organização criminosa. Segundo a PF, eles atuavam
desde 2004. Ontem, dessa quadrilha, foram presas 21 pessoas
-a maioria no Rio.
Já os presos da operação Nocaute, batizada assim porque
muitos deles serem lutadores,
usavam rede de relacionamentos na internet para vender as
drogas. Segundo o procurador
da República Marcello Miller,
eles atuavam em esquema de
cooperativas. Nesse grupo não
havia um chefe, mas alguns
movimentavam um volume
maior de dinheiro, como é o caso do morador de uma cobertura da zona sul do Rio, Henrique
Dornelles Forni, acusado de ser
dono de dois pontos de revenda
de drogas no morro do Turano,
centro do Rio. Sua família nega
a acusação. Eles são suspeitos
de traficar armas, que eram
vendidas em favelas do Rio.
Dos 36 mandados de prisão, 34
foram cumpridos ontem.
Os presos podem responder
pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e
tráfico internacional. Eles serão encaminhados ao sistema
prisional. Os inquéritos tramitam em segredo de Justiça.
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