São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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PF questiona chefe da Polícia Civil sobre propina

Turnowski falou ainda sobre alerta que teria dado a policial investigado

Oficialmente, ele foi depor como testemunha da operação; ao sair, disse que não há motivo para deixar o cargo

DO RIO

A Polícia Federal questionou ontem, durante depoimento, o chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, sobre se ele recebeu propina de policiais envolvidos com traficantes.
Turnowski também foi questionado a respeito de uma escuta telefônica em que conversa com policial com prisão decretada na Operação Guilhotina. Oficialmente, ele foi ouvido como testemunha da operação.
A Folha apurou que, na conversa telefônica gravada com autorização da Justiça, Turnowski diz ao inspetor Christiano Gaspar Fernandes, foragido, que "a Polícia Civil é a bola da vez" da PF.
O assunto da conversa gravada era a prisão de um traficante. Nela, Turnowski teria ainda orientado o inspetor a agir "na legalidade".
Apesar de não ser acusado na investigação, o chefe da polícia chegou à PF por volta de 9h e só saiu depois das 14h. Sobre a conversa com o inspetor, Turnowski respondeu que a orientação faz parte da rotina da polícia.

SEM MOTIVO PARA SAIR
Na saída do depoimento, Turnowski disse que não tem motivo para deixar o cargo. "Se tiver que sair, saio com a consciência muito tranquila. Mas acho que não é o momento ainda", afirmou.
O delegado foi ouvido também a respeito da afirmação de uma testemunha que o acusa de receber propina de R$ 200 mil a título de "arreglo" por cada delegacia.
O chefe da polícia respondeu que são 180 delegacias e que a quantia seria estratosférica. Isso, segundo ele, é suficiente para desqualificar a denúncia.
Há um ano e meio no comando da Polícia Civil, Turnowski tem perfil operacional. Como delegado, participava diretamente das operações policiais, trocando tiros com criminosos. Foi titular do Departamento de Polícia Especializada por seis anos.
Ele assumiu a chefia da Polícia Civil em substituição ao delegado Gilberto Ribeiro, que saiu após se recusar a dividir informações com a PM.
Apesar dos questionamentos da PF, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, avalia que ainda não há "materialidade" nas acusações contra Turnowski.
O secretário concedeu entrevista coletiva enquanto seu subordinado era ouvido no andar de baixo. "O doutor Allan goza da minha confiança. Como chefe da instituição, tem algumas informações a prestar. Não vou fazer juízos de valor", afirmou.
(HUDSON CORRÊA, DIANA BRITO E ITALO NOGUEIRA)


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