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RIO
Para polícia, assassinos são traficantes
Policiais são mortos a tiros dentro de carro
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com mais de dez tiros em cada
um, a maioria no rosto, dois policiais militares foram mortos ontem de madrugada próximo à entrada da favela do Dique, em São
João de Meriti (Baixada Fluminense). Os assassinos provavelmente são traficantes de drogas.
Pelo menos oito policiais, civis e
militares, morreram no Rio desde
a segunda anterior ao Carnaval,
quando o tráfico promoveu atentados na região metropolitana.
O soldado Carlos Roosevelt Salles da Mota, 21, e o cabo Eduardo
Silveira Nascimento, 35, estavam
em um carro do 21º Batalhão da
PM na avenida Pastor Martin Luther King. O carro estava parado
em frente à avenida São Marcos, a
poucos passos de uma das entradas da favela do Dique, no bairro
de Três Pontes.
Por volta das 4h45, dois ou três
homens que estariam em um Siena prata teriam descido do carro e
surpreendido os policiais com tiros de fuzis. Segundo um oficial
da PM que não quis ter a identidade revelada, os policiais estariam
dormindo -o oficial não soube
dizer por que os policiais dormiriam em área tão perigosa.
Os assassinos levaram um fuzil
e uma pistola que estavam com os
policiais.
Para comemorar a morte dos
policiais, os criminosos teriam
disparado para cima com o fuzil
roubado, segundo a polícia, que
achou cápsulas junto ao carro.
"Os policiais foram executados
pelo simples fato de serem policiais", disse Francisco D'Ambrosio, comandante do Batalhão de
Policiamento da Baixada.
O delegado titular da 64ª DP, José Freitas, acredita que os autores
do atentado sejam membros do
tráfico da favela do Dique. Os policiais foram enterrados ontem à
tarde no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap (zona norte).
Mais violência
No morro dos Macacos, em Vila
Isabel (zona norte), dois homens
morreram em um tiroteio entre
PMs e traficantes, no final da tarde. Até a conclusão desta edição,
eles não haviam sido identificados. A polícia não informou se faziam parte do tráfico.
No morro da Pedreira, em Costa Barros (zona norte), um jovem
de cerca de 15 anos, que também
não foi identificado, foi baleado
no peito e morreu. Ele é a nona
pessoa que morreu no local desde
a última quinta, quando a polícia
começou a fazer ali operações
quase diárias. Oito eram supostos
traficantes. O morro é reduto do
traficante mais procurado do Rio,
Paulo César Silva dos Santos, o Linho, líder do Terceiro Comando.
Horas antes, o suposto traficante Joselito Silva de Deus, 24, o Zorro, havia sido preso no morro. Ele
teria indicado à polícia onde estavam escondidos dois fuzis, drogas, munição e um livro com a
contabilidade do tráfico.
Colaborou FABIANA CIMIERI, free-lance
para a Folha
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