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São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2003

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RIO

Para polícia, assassinos são traficantes

Policiais são mortos a tiros dentro de carro

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com mais de dez tiros em cada um, a maioria no rosto, dois policiais militares foram mortos ontem de madrugada próximo à entrada da favela do Dique, em São João de Meriti (Baixada Fluminense). Os assassinos provavelmente são traficantes de drogas.
Pelo menos oito policiais, civis e militares, morreram no Rio desde a segunda anterior ao Carnaval, quando o tráfico promoveu atentados na região metropolitana.
O soldado Carlos Roosevelt Salles da Mota, 21, e o cabo Eduardo Silveira Nascimento, 35, estavam em um carro do 21º Batalhão da PM na avenida Pastor Martin Luther King. O carro estava parado em frente à avenida São Marcos, a poucos passos de uma das entradas da favela do Dique, no bairro de Três Pontes.
Por volta das 4h45, dois ou três homens que estariam em um Siena prata teriam descido do carro e surpreendido os policiais com tiros de fuzis. Segundo um oficial da PM que não quis ter a identidade revelada, os policiais estariam dormindo -o oficial não soube dizer por que os policiais dormiriam em área tão perigosa.
Os assassinos levaram um fuzil e uma pistola que estavam com os policiais.
Para comemorar a morte dos policiais, os criminosos teriam disparado para cima com o fuzil roubado, segundo a polícia, que achou cápsulas junto ao carro.
"Os policiais foram executados pelo simples fato de serem policiais", disse Francisco D'Ambrosio, comandante do Batalhão de Policiamento da Baixada.
O delegado titular da 64ª DP, José Freitas, acredita que os autores do atentado sejam membros do tráfico da favela do Dique. Os policiais foram enterrados ontem à tarde no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap (zona norte).

Mais violência
No morro dos Macacos, em Vila Isabel (zona norte), dois homens morreram em um tiroteio entre PMs e traficantes, no final da tarde. Até a conclusão desta edição, eles não haviam sido identificados. A polícia não informou se faziam parte do tráfico.
No morro da Pedreira, em Costa Barros (zona norte), um jovem de cerca de 15 anos, que também não foi identificado, foi baleado no peito e morreu. Ele é a nona pessoa que morreu no local desde a última quinta, quando a polícia começou a fazer ali operações quase diárias. Oito eram supostos traficantes. O morro é reduto do traficante mais procurado do Rio, Paulo César Silva dos Santos, o Linho, líder do Terceiro Comando.
Horas antes, o suposto traficante Joselito Silva de Deus, 24, o Zorro, havia sido preso no morro. Ele teria indicado à polícia onde estavam escondidos dois fuzis, drogas, munição e um livro com a contabilidade do tráfico.


Colaborou FABIANA CIMIERI, free-lance para a Folha


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