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Agente agredido é filho de ex-funcionária
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Contratado como agente de segurança em janeiro e ferido com
golpes de faca pelas costas durante a rebelião da noite de anteontem, Joni Peres, 36, é filho de uma
das funcionárias que foram demitidas em massa pela fundação no
mês passado.
A mãe de Joni, Maria Aparecida
Ferreira Peres, 55, é ex-agente de
segurança da Febem, onde trabalhou durante 27 anos. Ela contou
que foi demitida por um telegrama, quando estava de férias.
Maria Aparecida estava a três
anos de se aposentar e, por conta
da idade, não consegue emprego.
Joni é casado e pai de uma menina de 13 anos. Funcionário do
turno da noite, ele foi atingido logo após ter tropeçado e caído, enquanto tentava controlar os adolescentes rebelados.
Com a agressão, ele teve os pulmões perfurados e foi encaminhado para o Hospital Municipal
Dr. Carmino Caricchio, no Tatuapé, onde foi submetido a uma
drenagem torácica.
Consciente e respirando sem
ajuda de aparelhos, Joni continua
internado na ala de emergência
do hospital. Seu quadro de saúde
é estável, segundo boletim assinado pelo médico Lino Giavarotti
Filho, mas não há previsão de alta.
Além dele, o agente de segurança Luciano Cordeiro de Oliveira,
30, também foi agredido por facadas e passou por uma cirurgia no
abdômen. Ele continua internado
no mesmo hospital, sem previsão
de alta.
A família não quer que Joni continue trabalhando na Febem após
sair do hospital. "Prefiro meu filho desempregado, pedindo esmola para sustentar a casa do que
correndo risco de morrer dentro
da Febem", disse a mãe do agente.
A dona-de-casa, Clarinda Santos Amaral Peres, 40, mulher de
Joni, contou que antes de o marido ser contratado pela fundação,
ele era funcionário de uma empresa de segurança, mas não tinha
registro em carteira. "Como o salário era melhor e incluía benefícios, ele preferiu sair do emprego
anterior", disse.
Clarinda também não quer que
o marido volte a trabalhar na Febem quando sair do hospital. "A
gente não consegue mais ficar
tranqüila. Veja só, um pai de família que estava trabalhando está
aí, em uma cama de hospital, com
os pulmões furados."
Outros tempos
Maria Aparecida disse que nos
27 anos em que atuou como agente de apoio técnico da Febem enfrentou muitas rebeliões e chegou
a ser feita de refém em duas ocasiões. "Mas, em nenhum dos casos fui ferida. Os meninos me respeitavam, gostavam de mim. Entrei ali quando ainda era uma menina, tenho toda uma história de
vida ali dentro."
Segundo ela, naquela época, a
situação dentro das unidades era
bem diferente. "Hoje os próprios
internos não se respeitam, imagine se eles vão respeitar algum funcionário", disse.
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