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LEGALIZAÇÃO EM DEBATE
Norma estabelece que instituições públicas devem ter profissional que não manifeste objeção de consciência
Governo exige médico pró-aborto em hospital
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mesma norma do governo
que não exige o boletim de ocorrência para realizar um aborto decorrente de estupro, caso previsto
em lei, afirma que os hospitais públicos são obrigados a ter em suas
equipes médicos que não manifestem objeção de consciência
-única hipótese apresentada
que poderia justificar a recusa ao
procedimento. Com isso, o governo pretende eliminar os obstáculos para as vítimas de violência sexual que queiram abortar.
Segundo a norma, a paciente
pode responsabilizar o médico ou
a instituição caso sofra prejuízo
moral, físico ou psíquico se não
conseguir realizar um aborto legal
sem BO.
A situação contrária também
está prevista. O ministério recomenda que, no texto do consentimento obrigatório que a mulher
deve assinar, conste a advertência
de que a falsidade ideológica é punível com um a cinco anos de reclusão. Além disso, a mulher pode
ser punida pelo aborto ilegal com
um a três anos de detenção.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, disse anteontem que a norma do governo não protege os médicos de
processo criminal se eles realizarem esse tipo aborto sem BO.
Porém, a norma apresenta argumentação jurídica contrária.
Para o governo, basta a palavra da
paciente. "O Código Penal afirma
que a palavra da mulher que busca os serviços de saúde afirmando
ter sofrido violência deve ter credibilidade, ética e legalmente, devendo ser recebida como presunção da veracidade", diz o texto.
Segundo o ministério, existem
52 centros de referência do SUS
(Sistema Único de Saúde) que já
prestam o serviço de aborto legal
sem o BO, com base na norma de
2004 sobre atendimento humanizado em casos de abortamento.
A norma sobre atendimento a
vítimas de violência sexual a ser
lançada neste mês mantém esse
entendimento. A norma anterior,
de 1998, exigia o BO.
Comissão
O governo venceu a resistência
interna e emplacou na comissão
que revisará a legislação do aborto a participação religiosa do Conic (Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs do Brasil), que engloba sete igrejas, inclusive a católica, e
que deve ser a única voz resistente
a que o aborto deixe de ser crime.
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