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EDUCAÇÃO COM LOUVOR
Petrópolis (RJ) e São Carlos (SP) lideram entre cidades com mais de 200 mil habitantes
Melhor ensino médio está no interior
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O melhor ensino médio do país
não está nas grandes capitais.
Apesar de escolas públicas e privadas do Rio e de São Paulo terem
se destacado isoladamente no
Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), do MEC, levantamento feito pela Folha a partir das médias gerais mostra que alguns municípios de médio porte do interior tiveram desempenho melhor
do que as maiores cidades do país.
A Folha comparou a média dos
alunos no Enem de 122 municípios que, segundo o IBGE, tinham
mais de 200 mil habitantes. Esse
corte foi preciso porque cidades
muito pequenas poderiam ter só
uma ou duas escolas avaliadas.
Desse grupo, quem mais se destacou foi Petrópolis, na região serrana do Rio, cuja média dos alunos
das redes pública e privada no
exame foi de 54,274 pontos.
Em seguida vêm São Carlos
(SP), Vitória (ES), Santa Maria
(RS), Niterói (RJ) e São Leopoldo
(RS). Duas grandes capitais tiveram bom resultado: Porto Alegre
(10º lugar) e Belo Horizonte (11º).
O Rio de Janeiro ficou na 28ª colocação, superado dentro do Estado por Petrópolis e Niterói. São
Paulo foi a 37ª, atrás, no Estado,
de São Carlos, Jundiaí, São José do
Rio Preto, Limeira, Campinas,
Santos, Marília, Presidente Prudente, Taubaté e Ribeirão Preto.
As piores cidades na lista foram
Itaquaquecetuba (SP), Belford
Roxo (RJ) e Boa Vista (RR).
Duas características são marcantes nas dez melhores. A primeira é que nove delas, exceto
Porto Alegre, são de pequeno ou
médio porte (entre 200 mil e 500
mil moradores). A segunda é que,
em oito delas, há grandes universidades públicas ou privadas, o
que facilita, segundo secretários
de Educação ouvidos pela Folha,
a capacitação do corpo docente.
Para o pesquisador Creso Franco, da PUC do Rio, autor de vários
estudos sobre o desempenho de
alunos no Saeb (exame do MEC
que avalia a educação básica) e Pisa (exame internacional que compara países), cidades do interior
costumam ter, em relação às
grandes capitais, a vantagem de
uma maior participação da comunidade em suas escolas.
"O que já se sabia pelo Saeb é
que muito freqüentemente escolas públicas de cidades do interior
são melhores que as públicas de
capitais. No interior, o diretor e os
professores muitas vezes são
membros da comunidade à qual a
escola serve e conhecem os pais e
os alunos. Tudo isso favorece o
ensino e a aprendizagem."
Os resultados do Enem permitem também separar o desempenho do município por tipo de rede. Isso deixa claro o abismo que
separa a rede pública da privada.
As sete cidades com melhor desempenho apenas na rede pública
são gaúchas: São Leopoldo, Santa
Maria, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Canoas, Porto Alegre e Pelotas. As três menores médias na
rede pública estão no Nordeste:
Olinda (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Ilhéus (BA). Em seguida, porém, aparece um município paulista: Itaquaquecetuba.
A média da rede pública de São
Leopoldo (49,502 pontos), a melhor do país, colocaria a cidade
apenas na 114ª colocação caso fosse comparada com o desempenho das melhores redes privadas.
Para a presidente da Undime
(associação de secretários municipais da Educação), Maria do Pilar Silva, a comparação entre as
redes pública e privada é injusta.
"Não se pode fazer a comparação
sem levar em conta o fator socioeconômico. Com tudo o que têm,
os colégios particulares fazem é
muito pouco. Tanto que, mesmo
na rede privada, nossos alunos
têm resultados ruins em comparações internacionais. O verdadeiro trabalho de transformação é
feito na rede pública. Colocar um
menino da periferia numa universidade vale mais que cem alunos da melhor escola particular."
O desempenho dos alunos por
escola pode ser conferido na página do Inep: www.inep.gov.br.
Veja mais dados na www.folha.com.br/060693
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