São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2007

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Anderson, 8, dormia quando pai foi rendido

Acordado pela troca de tiros, o garoto se arrastou para fora do veículo e se escondeu atrás de um poste; ele não se feriu

Policiais chegaram antes da fuga dos assaltantes; crime aconteceu a cerca de cinco quilômetros de onde João Hélio foi arrastado e morto


Fernando Quevedo/Agência O Globo
O Palio onde Anderson Silva, 8, dormia quando seu pai foi rendido; veículo tem seis perfurações


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Um menino de 8 anos, que dormia no banco de trás do carro, ficou preso no meio de um tiroteio entre os ladrões que renderam seu pai e os policiais que perseguiam os assaltantes.
O garoto acordou com a troca de tiros e conseguiu se arrastar para fora do carro, protegendo-se atrás de um poste.
O caso aconteceu na madrugada de ontem no bairro de Irajá, na zona norte do Rio.
Anderson Silva, 8, seu pai, o aposentado Carlos Augusto Eugênio da Silva, 50, e a namorada de Carlos, Sandra Ramos da Silva, 47, voltavam de uma festa de aniversário num veículo Fiat Palio quando ocorreu o assalto e a troca de tiros.
O menino dormia no banco de trás do carro no momento em que o pai e a namorada foram rendidos e expulsos do veículo por cinco assaltantes.
O crime aconteceu a cerca de cinco quilômetros do bairro de Oswaldo Cruz, onde há pouco mais de um mês o menino João Hélio Fernandes Vieites, 6, foi arrastado por sete quilômetros preso ao cinto de segurança do carro da família, depois de um assalto. Toda a área é de responsabilidade do 9º Batalhão de Polícia Militar.
Assim que saíram do carro, Carlos e Sandra gritaram para avisar aos assaltantes que Anderson permanecia dentro do carro, no banco traseiro.
Em seguida, os policiais militares, que já estavam atrás dos criminosos, chegaram. Os assaltantes, três deles menores, iniciaram a troca de tiros.
"Fiquei no meio do fogo cruzado. Cada um correu para um lado", contou Carlos.
Na troca de tiros, um dos assaltantes, identificado como Hugo, 30, foi morto. Oswaldo Garcia da Silva, 18, foi detido e permanecia na 27ª DP até a conclusão desta edição.
Dois adolescentes, de 16 e 14 anos, foram encaminhados à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Outro, de 17 anos, permanecia internado no hospital Carlos Chagas. Com os criminosos foram apreendidos dois revólveres. Segundo a polícia, os criminosos são da favela Pára-Pedro, no mesmo bairro do assalto.
Antes de assaltar o casal, a quadrilha já havia feito uma vítima. Na estrada Padre Roser, em Irajá, dois deles pararam um táxi por volta da 0h30 e pediram para seguir em direção à casa de show Olimpo, na Vila da Penha. Após andar por alguns metros, um deles deu uma coronhada na nuca do taxista, anunciando o assalto.
Após retirar o homem do carro, os dois partiram em direção ao cemitério de Irajá, em busca dos outros integrantes do grupo. O trio embarcou no táxi em um posto de gasolina.
Entretanto, policiais que patrulhavam o local desconfiaram e decidiram perseguir o Santana. Com um dispositivo anti-assalto, o táxi passou a "engasgar", parando em seguida na estrada Água Grande.
Lá, os criminosos renderam o Palio onde Anderson dormia.
O crime ocorreu horas depois de uma passeata em que, junto com Rosa Cristina Fernandes e Elson Lopes Vieites, pais de João Hélio, cerca de 500 pessoas percorreram os sete quilômetros por onde o menino foi arrastado, em fevereiro deste ano.

Governo
A Secretaria de Segurança e a Polícia Militar foram procuradas para comentar o tiroteio, mas não responderam até a conclusão desta edição.
Em Brasília, o governador do Rio, Sérgio Cabral, comentou o caso. "Não estamos brincando com esta questão da criminalidade. Estamos trabalhando permanentemente para combater a criminalidade e a população tem assistido e aplaudido a essas ações."

Colaborou a Sucursal de Brasília

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