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Blitz flagrou focos de dengue na Sabesp 2 vezes
Três semanas após vistoria, agentes voltaram a encontrar larvas do mosquito transmissor
Problema não interfere na qualidade da água tratada e distribuída na estação; site da estatal traz informações de combate à dengue
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A melhor estratégia para
combater" a dengue "é atacar a
origem do problema", no "nascedouro dos mosquitos". "O
melhor remédio" é "a prevenção". "Evite deixar água parada", prega a Sabesp em ações
educativas para a população.
O discurso é bom, mas a estatal responsável pelo abastecimento em São Paulo já foi flagrada duas vezes neste ano na
contramão daquilo que defende em suas atividades cívicas.
Vistorias de agentes da Vigilância Ambiental/Zoonoses da
gestão Gilberto Kassab (DEM)
identificaram a presença de
larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue,
acumuladas em plena estação
de tratamento de água da Sabesp no Alto da Boa Vista, na
zona sul da capital paulista.
A estatal ligada ao governo
José Serra (PSDB) foi notificada do problema no dia 7 de janeiro passado. Não foi suficiente. Houve reincidência três semanas depois, no mesmo endereço: rua Graham Bell, 647.
As larvas do mosquito foram
encontradas, segundo a Sabesp,
em uma caçamba de entulho e
em uma lona azul, na vizinhança do laboratório de controle
sanitário do terreno. Um dos
relatórios da vistoria cita também uma "carcaça de carro".
O mapa das inspeções obtido
pela Folha também alertava
para a necessidade de a Sabesp
retirar a água acumulada em ao
menos três pontos do terreno.
O problema detectado pela
Vigilância Ambiental/Zoonoses não interfere na qualidade
da água tratada e distribuída
pela Sabesp por meio dessa estação a 4 milhões de habitantes
das zonas sul, oeste e central.
Mas ele é revelador do descuido no combate à dengue inclusive dentro de um órgão público que prega a importância
de ações contra a doença.
Ela tem sido atualmente alvo
de preocupação das autoridades de saúde. O número de casos de dengue registrados no
país neste ano mais do que dobrou em relação ao ano passado. No começo de fevereiro,
eles já passavam de 100 mil.
Na capital paulista, houve 67
casos autóctones (contraídos
dentro da própria cidade) no
primeiro bimestre, contra 26
no mesmo período de 2009.
Discurso
Em seu próprio site, a Sabesp
faz campanha educativa para
orientar a população sobre a
importância de combater a
dengue. As orientações vão de
não deixar água parada em
qualquer tipo de recipiente a
evitar ter bromélias em casa.
"Tomando esses cuidados
básicos, reduz-se drasticamente a chance de o mosquito se reproduzir", informa a estatal.
A Sabesp também participou
de "reflexão cívica" no interior
paulista nos últimos meses para alertar e mobilizar a população contra a doença.
O próprio Clubinho Sabesp
(dedicado ao público infantil)
já se envolveu em campanhas
contra a dengue, ensinando
crianças no parque Ibirapuera.
A Secretaria da Saúde da gestão Kassab não quis dar detalhes das notificações em relação às larvas do Aedes aegypti
encontradas na área da Sabesp.
Só informou que tem como
atividade de rotina as visitas a
casas (onde são encontrados
mais de 80% dos criadouros do
mosquito), a empresas e a outros pontos estratégicos.
O trabalho, diz a pasta, é
"educativo" e não envolve multas (apesar da reincidência).
Ela afirma que visa orientar a
população, verificar criadouros
e erradicar os riscos.
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