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DESABAMENTO 2
Engenheiro da Sersan deve ser indiciado por 8 homicídios
Promotor vai pedir prisão
preventiva de Domingues
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O engenheiro Sérgio Murilo Domingues, diretor técnico da construtora Sersan, terá a prisão preventiva pedida à Justiça assim que
for indiciado no inquérito que
apura as oito mortes ocorridas no
desabamento do edifício Palace 2.
A informação é do promotor
Luiz Carlos Caffaro, presidente da
1ª Central de Inquéritos da Procuradoria Geral de Justiça do Rio. O
advogado de Domingues, Ivan
Vasques, 74, considerou "maluquice" o pedido de prisão que será
apresentado pelo Ministério Público contra seu cliente.
"Esse pedido não tem cabimento. Ele (Domingues) não está atrapalhando o inquérito, mora no
Rio, está à disposição", disse.
Domingues não aparece no
apartamento onde mora, na Barra
da Tijuca, desde o dia da tragédia.
Segundo o advogado, o engenheiro passa uma temporada no litoral
do Estado do Rio. Ontem, Domingues faltou à audiência no Crea
convocada para que pudesse apresentar sua defesa.
A prisão temporária de Domingues foi pedida dois dias após o
desabamento pelo advogado Nélio
de Andrade, que representa 62 famílias desabrigadas. O delegado
Carlos Alberto Nunes Pinto, responsável pelo inquérito, disse que
não levou o pedido à Justiça por
julgá-lo inoportuno. Para o promotor Caffaro, a formulação do
pedido de prisão preventiva terá
que esperar pelo indiciamento.
A decisão de indiciar Domingues
já foi tomada pelo delegado. Nunes Pinto diz não ter dúvidas de
que ele era o engenheiro responsável pela construção do Palace 2.
Os documentos do Crea e da
Prefeitura do Rio indicam que o
engenheiro responsável é o deputado Sérgio Naya, dono da Sersan.
Em princípio, o delegado planeja
indiciar Domingues pela acusação
de envolvimento em oito homicídios dolosos (intencionais), com
penas de 6 a 20 anos de prisão. Ele
acha que a Sersan usou material de
qualidade inferior para economizar. Se a perícia do Instituto de
Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, concluir que o material
era bom, mas que houve erro na
execução da obra, o delegado indiciará Domingues pela acusação de
ter participado de oito homicídios
culposos (sem intenção), com penas de um a três anos de prisão.
O delegado pretende indiciar
mais membros da diretoria da Sersan. O prazo para a conclusão do
inquérito expira dia 22. Também
faltaram à audiência do Crea José
Roberto Schendes (autor do cálculo estrutural do Palace 2), Euler
Rocha e José Celso Cunha (peritos
contratados pela Sersan, que afirmaram que o prédio não ruiria).
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