São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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DESABAMENTO 2
Engenheiro da Sersan deve ser indiciado por 8 homicídios
Promotor vai pedir prisão preventiva de Domingues

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

O engenheiro Sérgio Murilo Domingues, diretor técnico da construtora Sersan, terá a prisão preventiva pedida à Justiça assim que for indiciado no inquérito que apura as oito mortes ocorridas no desabamento do edifício Palace 2.
A informação é do promotor Luiz Carlos Caffaro, presidente da 1ª Central de Inquéritos da Procuradoria Geral de Justiça do Rio. O advogado de Domingues, Ivan Vasques, 74, considerou "maluquice" o pedido de prisão que será apresentado pelo Ministério Público contra seu cliente.
"Esse pedido não tem cabimento. Ele (Domingues) não está atrapalhando o inquérito, mora no Rio, está à disposição", disse.
Domingues não aparece no apartamento onde mora, na Barra da Tijuca, desde o dia da tragédia. Segundo o advogado, o engenheiro passa uma temporada no litoral do Estado do Rio. Ontem, Domingues faltou à audiência no Crea convocada para que pudesse apresentar sua defesa.
A prisão temporária de Domingues foi pedida dois dias após o desabamento pelo advogado Nélio de Andrade, que representa 62 famílias desabrigadas. O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto, responsável pelo inquérito, disse que não levou o pedido à Justiça por julgá-lo inoportuno. Para o promotor Caffaro, a formulação do pedido de prisão preventiva terá que esperar pelo indiciamento.
A decisão de indiciar Domingues já foi tomada pelo delegado. Nunes Pinto diz não ter dúvidas de que ele era o engenheiro responsável pela construção do Palace 2.
Os documentos do Crea e da Prefeitura do Rio indicam que o engenheiro responsável é o deputado Sérgio Naya, dono da Sersan.
Em princípio, o delegado planeja indiciar Domingues pela acusação de envolvimento em oito homicídios dolosos (intencionais), com penas de 6 a 20 anos de prisão. Ele acha que a Sersan usou material de qualidade inferior para economizar. Se a perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, concluir que o material era bom, mas que houve erro na execução da obra, o delegado indiciará Domingues pela acusação de ter participado de oito homicídios culposos (sem intenção), com penas de um a três anos de prisão.
O delegado pretende indiciar mais membros da diretoria da Sersan. O prazo para a conclusão do inquérito expira dia 22. Também faltaram à audiência do Crea José Roberto Schendes (autor do cálculo estrutural do Palace 2), Euler Rocha e José Celso Cunha (peritos contratados pela Sersan, que afirmaram que o prédio não ruiria).



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