São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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VIOLÊNCIA

Número de prisões caiu 6,15% no ano passado em relação a 2000 enquanto os sequestros cresceram 387,30%

SP prende menos, mas crimes aumentam

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o governo de São Paulo afirmar que nunca prendeu tanto, discurso usado para mostrar o combate à violência no Estado, as estatísticas de 2001 mostram um quadro diverso. No ano passado, foram 111.416 prisões, 6,15% a menos do que em 2000.
Mas, ao contrário do número de prisões (em flagrante, preventiva ou por mandado), os índices de violência aumentaram, segundo as estatísticas da Secretaria Estadual da Segurança Pública.
Os registros de sequestro no Estado cresceram 387,30% (de 63 em 2000 para 307 em 2001). Já os casos de latrocínio (roubo seguido de morte) aumentaram 8,49% (de 518 para 562 registros).
A queda do número de prisões em São Paulo se acentuou a partir da metade de 2001. Foram 30.355 pessoas presas no primeiro trimestre, 31.218 no segundo e 25.576 no terceiro.
O quarto trimestre de 2001 registrou a maior queda: 24.267 presos, 15,4% menos que no mesmo período do ano passado. É o trimestre com menor número de presos desde 1997. De lá para cá, o número de prisões em São Paulo em cada trimestre nunca ficou abaixo dos 25.400 detidos.

Atraso
A secretaria só divulgou ontem as estatísticas criminais relativas ao quarto trimestre, fechando os dados de 2001. Essas informações devem ser publicadas hoje no "Diário Oficial" do Estado.
A Folha publicou na edição de ontem que esse atraso contrariava a lei estadual 9.155, de 1995, que determina a divulgação dos dados até 30 dias após o encerramento de cada trimestre.
A previsão inicial da secretaria era divulgar esse relatório na próxima semana. A Secretaria da Segurança Pública afirma que a equipe que fazia o levantamento mudou com a posse do novo secretário, no dia 22 de janeiro.
Pela lei, as informações do primeiro trimestre de 2002 devem ser publicadas até o dia 30 de abril. Uma das expectativas é o número de sequestros, que só com os dados de janeiro e fevereiro de 2001 já supera os registros do primeiro semestre de 2001.

Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública informou que, quando o governo fala que "nunca se prendeu tanto", refere-se à gestão Mário Covas/Geraldo Alckmin -iniciada em 1999-, e não só a 2001.
Quanto à redução das prisões, a assessoria disse que o governo deve ser questionado principalmente pelas prisões em flagrante, porque são o resultado do trabalho ostensivo nas ruas. As prisões preventivas ou por mandado -determinadas pela Justiça- seriam resultado de investigação, que requer mais tempo. A assessoria disse que deve fazer um comparativo das prisões em flagrante nos próximos dias para saber se houve aumento ou redução. O levantamento divulgado não diferencia o tipo de prisão.



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