São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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BARBARA GANCIA

Riotur deveria ser grata aos Simpsons

Bem feito! Quem mandou Fernando Henrique e o presidente da Riotur, José Eduardo Guinle, inventarem de reclamar do tal episódio de "Os Simpsons", que supostamente "denigre" o Brasil? Em sua edição de ontem, o "Corriere della Sera", jornal de maior tiragem da Itália, destacou o fato com ironia, dizendo que a família Simpson causou um "incidente diplomático" entre o Brasil e os EUA!
É tudo uma questão de ponto de vista: os politicamente corretos FHC e Guinle se sentiram atingidos em sua brasilidade. Já esta humilde datilógrafa que vos dirige a palavra está eufórica. Na condição de tiete de priscas eras da família mais conhecida dos EUA, fiquei lisonjeada que Matt Groening, o criador dos Simpsons, tenha dedicado um capítulo ao nosso país e colocado o Brasil no mapa para 11 milhões de telespectadores norte-americanos.
Qualquer um que já tenha assistido a cinco segundos do escrachado desenho sabe que "Os Simpsons" só mostra o aspecto vil da vida, seja ela norte ou sul-americana.
Em Springfield, a cidade onde vivem Homer, Marge, Lisa, Bart e Maggie, a polícia é corrupta, os médicos são desonestos, o ministro batista mente e até o motorista do ônibus escolar dirige de walkman e toma ácido.
Acusar o episódio, batizado de "Blame it on Lisa", uma referência ao filme "Blame it on Rio" (esse sim, um lixo que denigre a nossa imagem), de ter desrespeitado a geografia tapuia (em uma cena, a família vai de canoa do Rio ao Amazonas) é como ficar chateado com o comercial da TIM, por ser impossível, mesmo para um Ronaldo, chutar uma bola da Fontana di Trevi para dentro da janela do papa, no Vaticano.
E esse melindre todo sobre o desenho ter exibido a macarena e personagens com bigodes mexicanos? Vai dizer que alguém ainda se espanta de ver gringo confundir brazuca com hispânico? Em seus filmes, Carmen Miranda não fazia o gênero caribenho?
Quanto aos aspectos mais terrenos do episódio, como o sequestro dos Simpsons na chegada ao Galeão ou a apresentação de uma Rio de Janeiro lasciva, é brincadeira ficar de bico com isso, né?
E, se a gente, que é livre, leve e solto, vive criticando a Xuxa por erotizar a petizada, imagine o que não deve achar quem vê a coisa de além-mar. Groening foi até gentil em colocar uma apresentadora tapuia de programas infantis, que se esfrega nas crianças. Ele poderia ter sido bem mais incisivo.

QUALQUER NOTA

Tapa na cara
Some-se aos escândalos do dia-a-dia o aniversário de Paola Mansur, filha do ex-dono do Mappin, Ricardo Mansur. A família não tem de pagar pelos erros do pai, mas respeito é bom e os ex-funcionários de Mansur gostam. Paola queria festejar? Que o fizesse em casa, e não na boate da hora, sob a luz de flashes e com festa das arábias.

Mandou bem
A Sidewalk tomou uma iniciativa louvável. Em seu novo anúncio, a loja não exibe o sólito corpo seminu, e sim funcionários para quem está bancando cursos superiores.

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