São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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AMBIENTE

Empresa Acumuladores Ajax, de Bauru, foi interditada e multada pela Cetesb, mas alega que está dentro das normas

Chumbo pode ter contaminado área

ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Emissões de chumbo fora dos padrões recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) podem ter exposto adultos e crianças a contaminação em Bauru (343 km de São Paulo). O problema foi verificado no setor de metalurgia da Acumuladores Ajax Ltda., uma das maiores do país, que foi interditada pela Cetesb e pela Justiça.
Segundo laudos do Instituto Adolfo Lutz, em 30 exames realizados em crianças de dois a sete anos que moram perto da empresa, 22 apresentaram problemas. O índice de chumbo encontrado foi acima de 10 microgramas para cada 100 ml de sangue, o limite recomendado pela OMS.
O excesso de chumbo pode provocar anemia crônica, alterações no crescimento e problemas renais e neurológicos, de acordo com a diretora do DSC (Departamento de Saúde Coletiva) de Bauru, Maria Helena Abreu.
Agora o DSC, órgão da Secretaria Municipal da Saúde, está ampliando o número de exames, que estão sendo realizados em crianças de zero a 12 anos e em gestantes que morem em um raio de um quilômetro da empresa.
Amostras de alimentos produzidos nas chácaras da região também apresentaram alteração. Pelo menos mil aves vão ser abatidas, e sua carne não poderá ser consumida. Animais como vacas e cavalos estão sendo retirados da região e serão submetidos a análise.
A empresa foi interditada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) no dia 29 de janeiro. O órgão listou 28 irregularidades na empresa.
Como os problemas não foram solucionados, anteontem a Ajax foi multada pela Cetesb em 10 mil Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) -R$ 105,2 mil.
Segundo laudos da Cetesb, um filtro colocado em uma casa a 400 metros da empresa acumulou 3,7 microgramas de chumbo em 24 horas. O aceitável é 1,5 micrograma em três meses.
O instituto entrou com uma ação civil pública contra a empresa. No dia 27 de março, o juiz Arthur Gonçalves, da 4ª Vara Cível de Bauru, concedeu liminar determinando que a empresa fosse lacrada e os bens dos proprietários se tornassem indisponíveis.
Para Rodrigo Agostinho, do Instituto Vidágua, cerca de 50 mil pessoas podem estar expostas à contaminação.
Segundo a assessoria da Ajax, das 28 irregularidades listadas pela Cetesb, 15 já foram resolvidas. Os advogados da empresa estão recorrendo da liminar.



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