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AMBIENTE
Empresa Acumuladores Ajax, de Bauru, foi interditada e multada pela Cetesb, mas alega que está dentro das normas
Chumbo pode ter contaminado área
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Emissões de chumbo fora dos
padrões recomendados pela OMS
(Organização Mundial da Saúde)
podem ter exposto adultos e
crianças a contaminação em Bauru (343 km de São Paulo). O problema foi verificado no setor de
metalurgia da Acumuladores
Ajax Ltda., uma das maiores do
país, que foi interditada pela Cetesb e pela Justiça.
Segundo laudos do Instituto
Adolfo Lutz, em 30 exames realizados em crianças de dois a sete
anos que moram perto da empresa, 22 apresentaram problemas. O
índice de chumbo encontrado foi
acima de 10 microgramas para cada 100 ml de sangue, o limite recomendado pela OMS.
O excesso de chumbo pode provocar anemia crônica, alterações
no crescimento e problemas renais e neurológicos, de acordo
com a diretora do DSC (Departamento de Saúde Coletiva) de Bauru, Maria Helena Abreu.
Agora o DSC, órgão da Secretaria Municipal da Saúde, está ampliando o número de exames, que
estão sendo realizados em crianças de zero a 12 anos e em gestantes que morem em um raio de um
quilômetro da empresa.
Amostras de alimentos produzidos nas chácaras da região também apresentaram alteração. Pelo
menos mil aves vão ser abatidas, e
sua carne não poderá ser consumida. Animais como vacas e cavalos estão sendo retirados da região e serão submetidos a análise.
A empresa foi interditada pela
Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) no
dia 29 de janeiro. O órgão listou
28 irregularidades na empresa.
Como os problemas não foram
solucionados, anteontem a Ajax
foi multada pela Cetesb em 10 mil
Ufesps (Unidade Fiscal do Estado
de São Paulo) -R$ 105,2 mil.
Segundo laudos da Cetesb, um
filtro colocado em uma casa a 400
metros da empresa acumulou 3,7
microgramas de chumbo em 24
horas. O aceitável é 1,5 micrograma em três meses.
O instituto entrou com uma
ação civil pública contra a empresa. No dia 27 de março, o juiz Arthur Gonçalves, da 4ª Vara Cível
de Bauru, concedeu liminar determinando que a empresa fosse
lacrada e os bens dos proprietários se tornassem indisponíveis.
Para Rodrigo Agostinho, do
Instituto Vidágua, cerca de 50 mil
pessoas podem estar expostas à
contaminação.
Segundo a assessoria da Ajax,
das 28 irregularidades listadas pela Cetesb, 15 já foram resolvidas.
Os advogados da empresa estão
recorrendo da liminar.
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