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ADMINISTRAÇÃO
Ministério Público vai apurar denúncia de que sindicalistas receberam dinheiro para favorecer empresas de ônibus
Elo de viação com sindicato será investigado
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes do Ministério
Público Estadual e do Ministério
Público do Trabalho vão investigar denúncias de envolvimento
de diretores do sindicato dos motoristas e cobradores com empresários de ônibus de São Paulo.
Reportagem veiculada ontem
na TV Globo afirmou que três sindicalistas receberam R$ 3.000 da
viação Cidade Tiradentes, em
agosto, como "ajuda de custo". O
valor é incompatível com os salários de um motorista -R$ 1.000.
Denúncia semelhante já havia
sido revelada pela Folha no dia 6
de fevereiro, envolvendo um diretor do sindicato na viação Santa
Bárbara, que, segundo documento obtido pela reportagem, teria
recebido R$ 5.600 mensais até
agosto passado "para o bom desempenho de suas funções de representante sindical". Ele foi afastado da função enquanto é investigado por uma comissão de ética.
O pagamento pela Santa Bárbara foi confirmado, na época, pela
SPTrans (empresa municipal que
cuida do transporte coletivo), que
assumiu a administração da viação um mês depois e disse ter decidido suspendê-lo. A SPTrans informou que também detectou irregularidades nos pagamentos salariais da viação Cidade Tiradentes, mas não deu detalhes.
Segundo a denúncia do SPTV,
os diretores cujos holerites comprovariam os pagamentos de R$
3.000 são: José Domingos da Silva,
Antonio Ferreira Mendes e Otaviano de Albuquerque -este último foi expulso do sindicato há
seis meses sob a acusação de ser
"muito próximo do patrão".
O dono da Cidade Tiradentes
era Leonardo Capuano, investigado pela polícia por causa da venda
dela a um estelionatário e a um
eletricista que já havia morrido.
A procuradora do Trabalho
Cristina Brasiliano disse que vai
investigar se os sindicalistas não
estariam recebendo dinheiro para
agir de acordo com os interesses
patronais. A prefeitura já classificou como locaute paralisações da
categoria. "É estranho haver tantas greves em tão pouco tempo e
esses indícios de proximidade
com os empresários", afirmou.
O diretor do sindicato José Domingos da Silva negou ter recebido os R$ 3.000. "Meu salário é de
R$ 981. Não tenho nem casa própria. Fizeram uma montagem."
Mendes e Albuquerque não responderam aos pedidos de entrevista. O secretário de Assuntos Jurídicos do sindicato, Geraldo Diniz da Costa, afirmou que vai investigar as denúncias e que, se elas
forem comprovadas, Silva e Mendes serão expulsos -Albuquerque já foi afastado. Ele disse que as
novas denúncias "podem ser uma
manobra para desgastar a diretoria" da entidade "visando as eleições do sindicato no final do ano".
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