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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Ministério Público vai apurar denúncia de que sindicalistas receberam dinheiro para favorecer empresas de ônibus

Elo de viação com sindicato será investigado

DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes do Ministério Público Estadual e do Ministério Público do Trabalho vão investigar denúncias de envolvimento de diretores do sindicato dos motoristas e cobradores com empresários de ônibus de São Paulo.
Reportagem veiculada ontem na TV Globo afirmou que três sindicalistas receberam R$ 3.000 da viação Cidade Tiradentes, em agosto, como "ajuda de custo". O valor é incompatível com os salários de um motorista -R$ 1.000.
Denúncia semelhante já havia sido revelada pela Folha no dia 6 de fevereiro, envolvendo um diretor do sindicato na viação Santa Bárbara, que, segundo documento obtido pela reportagem, teria recebido R$ 5.600 mensais até agosto passado "para o bom desempenho de suas funções de representante sindical". Ele foi afastado da função enquanto é investigado por uma comissão de ética.
O pagamento pela Santa Bárbara foi confirmado, na época, pela SPTrans (empresa municipal que cuida do transporte coletivo), que assumiu a administração da viação um mês depois e disse ter decidido suspendê-lo. A SPTrans informou que também detectou irregularidades nos pagamentos salariais da viação Cidade Tiradentes, mas não deu detalhes.
Segundo a denúncia do SPTV, os diretores cujos holerites comprovariam os pagamentos de R$ 3.000 são: José Domingos da Silva, Antonio Ferreira Mendes e Otaviano de Albuquerque -este último foi expulso do sindicato há seis meses sob a acusação de ser "muito próximo do patrão".
O dono da Cidade Tiradentes era Leonardo Capuano, investigado pela polícia por causa da venda dela a um estelionatário e a um eletricista que já havia morrido.
A procuradora do Trabalho Cristina Brasiliano disse que vai investigar se os sindicalistas não estariam recebendo dinheiro para agir de acordo com os interesses patronais. A prefeitura já classificou como locaute paralisações da categoria. "É estranho haver tantas greves em tão pouco tempo e esses indícios de proximidade com os empresários", afirmou.
O diretor do sindicato José Domingos da Silva negou ter recebido os R$ 3.000. "Meu salário é de R$ 981. Não tenho nem casa própria. Fizeram uma montagem." Mendes e Albuquerque não responderam aos pedidos de entrevista. O secretário de Assuntos Jurídicos do sindicato, Geraldo Diniz da Costa, afirmou que vai investigar as denúncias e que, se elas forem comprovadas, Silva e Mendes serão expulsos -Albuquerque já foi afastado. Ele disse que as novas denúncias "podem ser uma manobra para desgastar a diretoria" da entidade "visando as eleições do sindicato no final do ano".


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