São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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CASO RICHTHOFEN

Nos próximos 15 dias, acusada de participar do assassinato dos pais ficará isolada no Carandiru

Sob gritos de assassina, Suzane é transferida

Caio Guatelli/Folha Imagem
Na saída do DHPP para a penitenciária, sob forte esquema de segurança, Suzane mantém a cabeça abaixada para tentar esconder o rosto


LUÍSA BRITO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob os gritos de "assassina" e também sob forte esquema de segurança, Suzane Louise von Richthofen, 22, foi transferida, no início da noite de ontem, do DHPP (departamento de homicídios), no centro, para a Penitenciária Feminina Sant'Ana, no Complexo do Carandiru (zona norte).
Um cordão de seguranças, formado por 16 policiais civis, impediu que populares a agredissem. Suzane foi levada até o carro escoltada por outros três policiais. Saiu com a cabeça baixa e escondida pelo capuz de um casaco.
"Grita assassina", berrava a secretária Viviane Leite Oliveira, 54, incentivando o grupo na porta do DHPP. "É pena máxima; bem maior é pai e mãe."
Suzane, ao lado do então namorado Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian, confessou ter participado do assassinato de seus pais, Manfred, 49, e Marísia Richthofen, 50. O casal foi morto em casa, no Brooklin, enquanto dormia, com golpes de cano de ferro, no fim de outubro de 2002.
Na cela onde ficará as duas próximas semanas, sem direito a visitas, Suzane estará ao lado apenas de outras detentas recém-chegadas à penitenciária. Ela só poderá manter contato com seus advogados constituídos por procuração.
A Justiça determinou o retorno de Suzane à cadeia a pedido do Ministério Público, que considerou que, além da possibilidade de fuga, ela representava um risco para seu irmão, Andreas, beneficiário dos bens da família.
A decisão ocorreu logo após polêmica entrevista dela ao "Fantástico" -na qual seus advogados a orientam a chorar- e depois da divulgação de que ela entrou na Justiça para administrar os bens dos pais -o argumento usado foi de que seu irmão estava "dilapidando" esse patrimônio.
Durante todo o dia, diversas pessoas pararam em frente ao DHPP para esperar a saída dela. A polícia tentou dispersar o grupo, que teve de ficar na calçada do outro lado da rua. À tarde, foi formada uma barreira com oito carros enfileirados para impedir que as cerca de 150 pessoas atravessassem a rua.
Ana Lúcia Pereira, 41, massoterapeuta, também foi ao DHPP. "Vim da Paulista especialmente para esculachar. Ia ajudar a linchar, mas diz que não pode."

Transferência
As cúpulas da Polícia Civil e da Secretaria da Administração Penitenciária discutiram, ao longo de todo o dia, para onde Suzane deveria ser levada.
Como as presidiárias repudiam pessoas que matam crianças, idosos e parentes, existe a preocupação de que Suzane seja feita refém durante uma rebelião, como em agosto de 2004, quando ela estava na Penitenciária Feminina da Capital, também no Carandiru.
"Em liberdade, Suzane não colocaria ninguém em risco. Na prisão, ela se transformou em uma mercadoria de barganha das outra presas", disse o advogado Mário Sérgio de Oliveira.
Uma das prisões descartadas ontem foi a de Rio Claro (175 km de SP), de onde a acusada saiu em 29 de junho de 2005, quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu um habeas corpus a seu favor. Na época, prevaleceu a tese de que ela não era um risco à sociedade e, portanto, poderia aguardar o julgamento livre.
A previsão é a de que Suzane fique na penitenciária até pelo menos 5 de junho, data prevista para o julgamento dela e dos irmãos Cravinhos. O trio foi denunciado à Justiça por duplo homicídio triplamente qualificado -motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
Segundo o promotor Roberto Tardelli, o julgamento dos três deve ser desmembrado e Suzane deve ir à júri em agosto ou setembro.


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