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CASO RICHTHOFEN
Nos próximos 15 dias, acusada de participar do assassinato dos pais ficará isolada no Carandiru
Sob gritos de assassina, Suzane é transferida
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Na saída do DHPP para a penitenciária, sob forte esquema de segurança, Suzane mantém a cabeça abaixada para tentar esconder o rosto |
LUÍSA BRITO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob os gritos de "assassina" e
também sob forte esquema de segurança, Suzane Louise von Richthofen, 22, foi transferida, no início da noite de ontem, do DHPP
(departamento de homicídios),
no centro, para a Penitenciária
Feminina Sant'Ana, no Complexo do Carandiru (zona norte).
Um cordão de seguranças, formado por 16 policiais civis, impediu que populares a agredissem.
Suzane foi levada até o carro escoltada por outros três policiais.
Saiu com a cabeça baixa e escondida pelo capuz de um casaco.
"Grita assassina", berrava a secretária Viviane Leite Oliveira, 54,
incentivando o grupo na porta do
DHPP. "É pena máxima; bem
maior é pai e mãe."
Suzane, ao lado do então namorado Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian, confessou ter
participado do assassinato de
seus pais, Manfred, 49, e Marísia
Richthofen, 50. O casal foi morto
em casa, no Brooklin, enquanto
dormia, com golpes de cano de
ferro, no fim de outubro de 2002.
Na cela onde ficará as duas próximas semanas, sem direito a visitas, Suzane estará ao lado apenas
de outras detentas recém-chegadas à penitenciária. Ela só poderá
manter contato com seus advogados constituídos por procuração.
A Justiça determinou o retorno
de Suzane à cadeia a pedido do
Ministério Público, que considerou que, além da possibilidade de
fuga, ela representava um risco
para seu irmão, Andreas, beneficiário dos bens da família.
A decisão ocorreu logo após polêmica entrevista dela ao "Fantástico" -na qual seus advogados a
orientam a chorar- e depois da
divulgação de que ela entrou na
Justiça para administrar os bens
dos pais -o argumento usado foi
de que seu irmão estava "dilapidando" esse patrimônio.
Durante todo o dia, diversas
pessoas pararam em frente ao
DHPP para esperar a saída dela. A
polícia tentou dispersar o grupo,
que teve de ficar na calçada do outro lado da rua. À tarde, foi formada uma barreira com oito carros
enfileirados para impedir que as
cerca de 150 pessoas atravessassem a rua.
Ana Lúcia Pereira, 41, massoterapeuta, também foi ao DHPP.
"Vim da Paulista especialmente
para esculachar. Ia ajudar a linchar, mas diz que não pode."
Transferência
As cúpulas da Polícia Civil e da
Secretaria da Administração Penitenciária discutiram, ao longo
de todo o dia, para onde Suzane
deveria ser levada.
Como as presidiárias repudiam
pessoas que matam crianças, idosos e parentes, existe a preocupação de que Suzane seja feita refém
durante uma rebelião, como em
agosto de 2004, quando ela estava
na Penitenciária Feminina da Capital, também no Carandiru.
"Em liberdade, Suzane não colocaria ninguém em risco. Na prisão, ela se transformou em uma
mercadoria de barganha das outra presas", disse o advogado Mário Sérgio de Oliveira.
Uma das prisões descartadas
ontem foi a de Rio Claro (175 km
de SP), de onde a acusada saiu em
29 de junho de 2005, quando o
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
concedeu um habeas corpus a seu
favor. Na época, prevaleceu a tese
de que ela não era um risco à sociedade e, portanto, poderia
aguardar o julgamento livre.
A previsão é a de que Suzane fique na penitenciária até pelo menos 5 de junho, data prevista para
o julgamento dela e dos irmãos
Cravinhos. O trio foi denunciado
à Justiça por duplo homicídio triplamente qualificado -motivo
torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
Segundo o promotor Roberto
Tardelli, o julgamento dos três deve ser desmembrado e Suzane deve ir à júri em agosto ou setembro.
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