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Investigação será prejudicada, diz promotor
Francisco José Taddei Cembranelli acredita que a presença do casal no prédio pode influenciar futuros depoimentos
Ministério Público não entrará na Justiça com um
pedido de prisão preventiva para o casal de acusados,
afirmou o promotor ontem
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Francisco José
Taddei Cembranelli afirmou
ontem que a libertação do casal
Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá prejudicará o ritmo das investigações sobre a morte de Isabella.
Ele citou elementos que, na sua
opinião, põem em xeque a versão dada pelo casal.
"Nada mudou, a investigação
está seguindo seu curso normal. Mas, sob a minha ótica,
prejudica as investigações, sim,
a volta do casal", disse.
Cembranelli disse acreditar
que a presença do casal no prédio e em contato com moradores e testemunhas pode influenciar depoimentos que ainda serão colhidos. Ele disse que
o casal pode alterar locais que
ainda poderiam ser submetidos
a novas perícias.
Segundo ele, a decisão do desembargador Caio Eduardo
Canguçu de Almeida de conceder liberdade ao casal é um ato
processual e não discute a responsabilidade criminal dos
suspeitos. Ou seja, a Justiça entendeu que Nardoni e sua mulher não atrapalharão as investigações, mas sua liberdade
atual não impede que sejam
condenados e presos no futuro,
dependendo das investigações.
Questionado se o Ministério
Público entraria na Justiça
com um pedido de prisão preventiva -normalmente decretada quando há provas de existência de crime e indícios suficientes de autoria-, o promotor negou e disse que vai esperar o fim das investigações.
Como a liberdade do casal foi
decidida por uma liminar, o habeas corpus pedido pela defesa
dos suspeitos será julgado em
data ainda não definida.
Na ocasião, segundo ele, o
Ministério Público voltará a se
manifestar e dois outros desembargadores também opinarão sobre o assunto.
Roupas trocadas
"Posso indicar neste momento que existem, sim, elementos bastante claros, bastante contundentes, que abalam as versões trazidas pelo casal", disse o promotor.
Ele revelou que a polícia também está investigando se Nardoni trocou de roupa antes de ir
até a delegacia, no dia do crime.
Anna Carolina é investigada da
mesma maneira, e a polícia encontrou vestígios de sangue em
roupas que ela usou no dia da
morte de Isabella.
Ele citou também o depoimento dado por um casal que
mora no quarto andar de um
edifício vizinho que ouviu Anna
Carolina ter uma discussão
acalorada com seu marido no
apartamento às 23h23, cerca
de dez minutos antes de Isabella ser encontrada no jardim.
Eles reconheceram só a voz
de Anna Carolina, pois a ouviram em seguida falando em um
celular ao lado do corpo da filha. Disseram ter ouvido muitos xingamentos e a frase: "Jogaram Isabella do 6º andar".
Nardoni havia dito que subiu
sozinho ao apartamento pouco
antes do crime.
Cembranelli disse ainda que
informações preliminares do
IC (Instituto de Criminalística)
permitem vincular o casal aos
ferimentos sofridos por Isabella, mas disse em seguida que
não estava afirmando que os
dois atacaram a menina.
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