São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Investigação será prejudicada, diz promotor

Francisco José Taddei Cembranelli acredita que a presença do casal no prédio pode influenciar futuros depoimentos

Ministério Público não entrará na Justiça com um pedido de prisão preventiva para o casal de acusados, afirmou o promotor ontem

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor Francisco José Taddei Cembranelli afirmou ontem que a libertação do casal Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Trotta Jatobá prejudicará o ritmo das investigações sobre a morte de Isabella. Ele citou elementos que, na sua opinião, põem em xeque a versão dada pelo casal.
"Nada mudou, a investigação está seguindo seu curso normal. Mas, sob a minha ótica, prejudica as investigações, sim, a volta do casal", disse.
Cembranelli disse acreditar que a presença do casal no prédio e em contato com moradores e testemunhas pode influenciar depoimentos que ainda serão colhidos. Ele disse que o casal pode alterar locais que ainda poderiam ser submetidos a novas perícias.
Segundo ele, a decisão do desembargador Caio Eduardo Canguçu de Almeida de conceder liberdade ao casal é um ato processual e não discute a responsabilidade criminal dos suspeitos. Ou seja, a Justiça entendeu que Nardoni e sua mulher não atrapalharão as investigações, mas sua liberdade atual não impede que sejam condenados e presos no futuro, dependendo das investigações.
Questionado se o Ministério Público entraria na Justiça com um pedido de prisão preventiva -normalmente decretada quando há provas de existência de crime e indícios suficientes de autoria-, o promotor negou e disse que vai esperar o fim das investigações.
Como a liberdade do casal foi decidida por uma liminar, o habeas corpus pedido pela defesa dos suspeitos será julgado em data ainda não definida.
Na ocasião, segundo ele, o Ministério Público voltará a se manifestar e dois outros desembargadores também opinarão sobre o assunto.

Roupas trocadas
"Posso indicar neste momento que existem, sim, elementos bastante claros, bastante contundentes, que abalam as versões trazidas pelo casal", disse o promotor.
Ele revelou que a polícia também está investigando se Nardoni trocou de roupa antes de ir até a delegacia, no dia do crime. Anna Carolina é investigada da mesma maneira, e a polícia encontrou vestígios de sangue em roupas que ela usou no dia da morte de Isabella.
Ele citou também o depoimento dado por um casal que mora no quarto andar de um edifício vizinho que ouviu Anna Carolina ter uma discussão acalorada com seu marido no apartamento às 23h23, cerca de dez minutos antes de Isabella ser encontrada no jardim.
Eles reconheceram só a voz de Anna Carolina, pois a ouviram em seguida falando em um celular ao lado do corpo da filha. Disseram ter ouvido muitos xingamentos e a frase: "Jogaram Isabella do 6º andar". Nardoni havia dito que subiu sozinho ao apartamento pouco antes do crime.
Cembranelli disse ainda que informações preliminares do IC (Instituto de Criminalística) permitem vincular o casal aos ferimentos sofridos por Isabella, mas disse em seguida que não estava afirmando que os dois atacaram a menina.


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