São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2005

Próximo Texto | Índice

GRANDE IRMÃO

Estradas federais receberão equipamento ainda neste ano; polícia de São Paulo também planeja usar aparelho

Nova câmera vai flagrar devedor de IPVA

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

As estradas federais brasileiras devem ganhar ainda neste ano 35 novas câmeras que fazem a leitura das placas dos veículos e identificam automaticamente se eles são roubados, furtados ou têm pendências para circular, como atrasos de licenciamento e de IPVA.
A contratação já está sendo preparada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e deverá ser formalizada no segundo semestre.
A Polícia Militar de São Paulo também planeja a implantação de equipamentos desse tipo para fazer as chamadas blitze eletrônicas. Ela fez ações experimentais em vias urbanas e, nas últimas semanas, a Polícia Rodoviária Estadual finalizou alguns testes na rodovia dos Bandeirantes, que liga a capital ao interior do Estado.
A PRF usa há dois anos cinco câmeras com essa tecnologia, mas voltadas exclusivamente para detectar veículos roubados e furtados. Prepara agora uma licitação para adquirir mais 35, que serão colocadas preferencialmente nas blitze realizadas em estradas federais próximas de grandes capitais, como Régis Bittencourt e Dutra.
O aparelho é conhecido como câmera de monitoramento OCR (que faz reconhecimento ótico de caracteres) e se assemelha ao que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo começou a testar no mês passado para fazer a fiscalização eletrônica do rodízio municipal de veículos.
Ele faz a leitura das placas de todos os veículos que passam numa faixa de rolamento e cruza as imagens com as informações existentes em alguns bancos de dados -dos departamentos de trânsito, das polícias e das seguradoras.
Se houver alguma restrição, ele aponta a irregularidade em menos de um segundo -servindo de indicação ao policial de que aquele carro deve ser parado.

Interesse econômico
O projeto de São Paulo está sendo elaborado pela Secretaria da Segurança Pública e pela Secretaria da Fazenda. Além de facilitar a identificação dos carros roubados, a proposta despertou interesse da equipe econômica da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) por ser uma possibilidade de conter a falta de pagamento do licenciamento, IPVA e multas de trânsito.
Um levantamento realizado em 2004 apontava que 48% da frota paulista estava em situação irregular. A administração estadual relativiza esse número sob a alegação de que alguns desses veículos não estão em circulação. Mas a clandestinidade sempre esteve próxima de um terço do total.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Fazenda, no projeto piloto consta a idéia de implantar um quiosque próximo à fiscalização da Polícia Rodoviária, com caixas eletrônicos que permitiriam ao proprietário do veículo em situação irregular pagar os débitos na mesma hora, evitando que o carro seja apreendido.
O major Jorge Luiz Alves, assessor de comunicação da PM, confirma a realização dos testes, mas diz não haver nenhuma definição. Representantes da Polícia Rodoviária Estadual disseram à reportagem que a intenção é implantar as câmeras ainda em 2005.

Seguradoras
A Polícia Rodoviária Federal mantém hoje cinco câmeras com essa tecnologia em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Acre, Paraná e Rio Grande do Sul. Elas detectam veículos roubados e furtados.
O projeto abrange uma parceria com a Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização) e, desde 2003, registrou a passagem de 6 milhões de veículos, dos quais 5.000 constavam nos cadastros dos roubados das seguradoras.
Horácio Catapreta, da Fenaseg, afirma que a entidade já fez reuniões com representantes do prefeito José Serra (PSDB) para que a fiscalização seja adotada na capital paulista, incluindo os flagrantes do rodízio.
Duas câmeras desse tipo foram instaladas em 2004 num posto policial na saída de Brasília e nas proximidades da Granja do Torto, no Distrito Federal. Uma foi utilizada até o fim do ano passado, e a outra, até o mês passado. A fiscalização da câmera localizada na saída de Brasília levou ao pagamento de mais de 10 mil multas no ano passado.
Os equipamentos testados na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, são da empresa Engebras. Especialistas ouvidos pela reportagem disseram conhecer somente cinco empresas no país que fornecem a tecnologia.


Próximo Texto: Interior high-tech: Bragança Paulista já tem tecnologia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.