Texto que divulgava "inspeção" para sintomas da gripe foi "mal redigido", diz embaixada

Governo e especialistas haviam criticado anúncio do órgão americano, que decidiu se explicar só seis dias após texto ir para o ar

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois de receber críticas do governo brasileiro e de especialistas, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil disse ontem que houve "erro" no texto em que anunciava, na semana passada, a decisão de examinar brasileiros que pedem visto a fim de saber se eles apresentam sintomas da gripe suína.
Ontem, em seu site oficial, o órgão americano trocou a nota que havia sido publicada na terça-feira passada, na qual afirmava que quem comparecesse à embaixada e aos consulados para pedir visto ou solicitar outros serviços teria de passar por "inspeção".
Se apresentasse algum dos sintomas da gripe suína, o brasileiro examinado deveria "adiar suas solicitações" até a sua melhora.
A embaixada afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "não houve, em nenhum momento, a decisão de inspecionar ninguém".

"Screening"
Primeiro, atribuiu a posição inicial a um erro de tradução da equipe do site: a palavra "screening" teria sido traduzida, erroneamente, como "inspeção", um de seus significados.
Quando questionada sobre o que queria dizer, então, com a palavra original em inglês, a embaixada não soube explicar. Disse que se tratava apenas de um texto "mal redigido".
A OMS (Organização Mundial da Saúde) condena "screenings" (exames, inspeções) em entrada e saída de países por considerar que "não ajudam a reduzir a disseminação da doença".
A medida também havia sido criticada por infectologistas e pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que a caracterizou como um "disparate".
A embaixada afirma que "não voltou atrás em nada" e insiste que nunca teve intenção de adotar o procedimento.

Remarcação voluntária
Na manhã de ontem, a Folha conversou com cerca de 30 solicitantes na saída do consulado americano de São Paulo. Todos negaram a existência de inspeção ou recomendações por parte de funcionários.
A embaixada dos EUA orienta que quem tem entrevista marcada para requerer visto, mas apresenta algum sintoma de gripe, deve remarcá-la "voluntariamente".
Quem já estiver na fila -mas apresentar algum "sintoma visível"- deve ser abordado por funcionários do consulado, para que volte em outro dia. Até ontem, ninguém havia sido "barrado".
Houve, porém, nove remarcações voluntárias.


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