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Polícia agora afirma que quadros eram o alvo de bando em SP
Policiais haviam dito que a quadrilha era amadora; telas de Portinari e Tarsila do Amaral estão entre as roubadas
Nova linha de investigação é a de que as obras, avaliadas em R$ 3 milhões, eram mesmo o objetivo principal em assalto a casa nos Jardins
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil mudou a versão sobre o roubo dos quadros
de Cândido Portinari, Tarsila
do Amaral e Orlando Teruz na
manhã de domingo em uma casa nos Jardins (zona oeste de
São Paulo).
A nova linha de investigação
é a de que as obras, avaliadas
em R$ 3 milhões, eram o alvo
principal da quadrilha.
Anteontem, policiais do 78º
Distrito Policial (Jardins) haviam afirmado acreditar que os
ladrões eram amadores e que o
objetivo do roubo era um cofre
-que conteria dinheiro e joias,
mas foi encontrado vazio.
Na tarde de ontem, contudo,
o delegado Dejar Gomes Neto,
titular da 1ª Delegacia Seccional, ouviu pessoalmente as vítimas em novos depoimentos e
concluiu que os criminosos tinham um objetivo claro e algum grau de especialização.
As telas levadas foram: "Figura em Azul" (1923), de Tarsila, "Cangaceiro" (1956) e "Retrato de Maria" (1934), de Portinari, e "Crucificação de Jesus", de Teruz.
Gomes Neto disse que, ao
contrário do que a polícia havia
divulgado inicialmente, é provável que as telas não tenham
sido danificadas.
"Quem cortou as molduras
sabia o que estava fazendo",
afirmou o delegado.
A polícia acredita que a discrepância de informações tenha ocorrido porque as vítimas
estavam abaladas emocionalmente quando prestaram o depoimento inicial.
As telas roubadas pertencem
à coleção de Ilde Maksoud, 85,
ex-mulher do empresário
Henry Maksoud. Na ocasião do
roubo, a mulher, uma nora e
quatro funcionários da casa ficaram reféns dos bandidos durante cerca de uma hora e 15
minutos.
Atitudes amadoras
Alguns dos fatos que levaram
a polícia a acreditar que os criminosos eram amadores foram
as atitudes de retirar as telas
das molduras, com cortes, e
enrolá-las. Isso poderia fazer
com que a tinta dos quadros,
seca havia muito tempo, se desprendesse das telas.
O fato de os ladrões terem
roubado dinheiro dos empregados e ainda perdido tempo
fazendo um lanche na cozinha
foi outro fator.
Até a noite de ontem, a polícia não havia identificado nenhum dos cerca de 15 assaltantes. As principais pistas colhidas foram impressões digitais e
três retratos falados confeccionados a partir dos depoimentos
das vítimas.
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