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Polícia apura se francês foi alvo de homofobia
Delegado lembra que crime ocorreu perto da Paulista, onde horas antes houve a Parada Gay, e em área freqüentada por homossexuais
A polícia não sabe dizer ainda desde quando
Grégor Erwan Landouar estava no Brasil nem onde
ele estava hospedado
ANDRÉ CARAMANTE
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
O turista francês Grégor Erwan Landouar, 35, foi esfaqueado por volta das 22h30 de
domingo, na alameda Franca,
nos Jardins (zona oeste de SP).
Ele morreu após ser socorrido
no Hospital das Clínicas.
De acordo com o delegado
Flávio da Costa, do DHPP (departamento de homicídios), a
polícia trabalha com várias hipóteses para o esfaqueamento,
mas uma das mais fortes é o crime de intolerância.
Por dois motivos, diz Costa: a
Parada Gay na avenida Paulista, horas antes e perto do local
do crime, evento do qual a vítima participou, e também a região onde ele foi esfaqueado,
uma área dos Jardins freqüentada por homossexuais.
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância,
que tem um banco de dados
com informações de integrantes de movimentos racistas, como os skinheads, por exemplo,
já ajuda nas investigações. Em
março, cinco skinheads foram
presos acusados de atacar homossexuais na região.
Landouar foi esfaqueado por
um homem na frente do banco
Santander da alameda Franca,
após ter deixado o restaurante
Ritz. No momento do crime, o
turista estava com três outros
homens, que conheceu durante
a parada e com quem ele bebeu.
O homem que atacou Landouar também andava em um
grupo, provavelmente com outras duas ou três pessoas. Ele
usava roupas largas, segundo
uma das três testemunhas que
estavam com o turista, e teria
gritado uma palavra "parecida"
com "facção" durante o ataque.
Segundo uma das testemunhas, ele e dois amigos haviam
conhecido o francês meia hora
antes, no balcão do Ritz, enquanto tomavam champanhe.
A polícia, porém, afirma que o
grupo se conheceu na parada.
Ontem, a testemunha, única
pessoa ouvida até agora pela
polícia, disse que passava mal
na hora do ataque ao turista.
"Eu estava no canto da calçada,
abaixado, e ele [Landouar] conversava com o meu amigo mais
perto da rua", explicou.
Para a testemunha, que pede
para não ser identificada por
temer represálias, o crime pode
ter sido motivado por preconceito contra homossexuais.
"Não sei, mas acho que sim."
Segundo ele, a alameda Franca
estava vazia e pouco iluminada
na hora do ataque.
Ontem, policiais começaram
a percorrer a região da alameda
Franca para tentar localizar
testemunhas do ataque e também fazer um mapeamento das
câmeras de segurança dos prédios localizados na área.
A polícia também já tenta levantar junto aos garotos de
programa que trabalham na região do parque Trianon se eles
foram ameaçados por pessoas
com as mesmas características
dos que atacaram o turista.
A polícia não sabe dizer ainda
desde quando Landouar estava
no Brasil nem onde ele estava
hospedado. Sabe-se apenas
que, em 7 de junho, João Monteiro da Cunha Salgado Neto,
morador do bairro da Saúde
(zona sul de SP), registrou um
boletim de ocorrência pela internet dando conta de que o
amigo francês havia sumido.
Os dois haviam ido ao shopping Metrô Tatuapé (zona leste) comprar um telefone celular e acabaram se separando.
"Mas isso não quer dizer que a
vítima estava sumida desde o
dia 7. Tem gente que registra
sumiço e depois não informa
que encontrou quem procurava", disse o delegado Costa.
Corpo
O Consulado Geral da França
em São Paulo afirmou que, até
ontem, não havia feito contato
com a família de Landouar, que
nasceu em Paris e vivia no sudoeste francês. Segundo o órgão, ele estava no país havia
duas semanas. A família decidirá se virá ao Brasil para o enterro ou se prefere que o corpo seja repatriado.
O consulado diz que Landouar não viajava só. Um amigo, cujo nome não foi divulgado, o acompanhava. Ao ser
questionado se o crime iria afetar a vinda de franceses para o
Brasil, Stephane Casteran, porta-voz do consulado, disse: "O
número de turistas franceses
cresceu nos últimos dez anos. É
um fato triste, mas não é esse
caso que vai abalar o turismo".
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
não se pronunciou. Por seus assessores, disse que os dados de
homicídios nos Jardins em
2007 estão sendo "revistos".
Em 2004, foi um caso; em
2005, cinco; e em 2006, três.
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