São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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Garotas que fugiram após ir ao cinema são achadas em SC

Dono de hotel em Curitibanos reconheceu jovens que queriam se hospedar no local

Meninas disseram que foram de SP a Porto Alegre de carona e depois seguiram para a cidade catarinense, onde pretendiam trabalhar

PAULO SAMPAIO
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Reconhecidas pelo dono de um hotel chamado Confelanches, em Curitibanos (SC), as estudantes Giovanna Maresti Sant'Anna Silva, 15, e Ana Lívia Destefani Luciano, 16, desaparecidas desde quinta-feira, foram entregues à polícia às 19h20 de ontem.
No hotel, Júlio César Souza diz que as reconheceu por uma foto que tinha visto delas na internet. No depoimento, as duas contaram que tinham ido de São Paulo ao Rio Grande do Sul de carona. Ao chegar a Porto Alegre, a dupla procurou um albergue em uma região conhecida como "Cracolândia", no bairro de Farroupilha. Disseram que ali foram assaltadas por uma mulher que lhes levou uma blusa, uma máquina fotográfica, um brinco e uma calça.
Chegaram a Curitibanos de carona com um caminhoneiro. Pretendiam ficar na cidade até completar a maioridade e, depois, migrar para Buenos Aires.
Assim que as encontrou, a polícia colocou as meninas em contato com os pais. A mãe de Giovanna, a atriz Kelly di Bertolli, 32, disse que a filha descreveu o período em que "mochilou" como "os seis dias mais felizes da vida dela". "Eu te amo, mãe!", teria dito a garota.
Kelly, que estava sendo assistida por um psiquiatra, disse à Folha ontem antes de as meninas serem encontradas: "Não vou brigar com ela na volta, mas é preciso repensar tudo. Eu sou uma mãe superlegal, dou liberdade, ao mesmo tempo levo e busco no colégio, converso, aí ela vai e desaparece!"
De acordo com o irmão mais velho de Ana Lívia, o produtor musical Gabriel Dib, 27, a mãe dela, Valéria, esbravejou: "Até onde você pensa que ia com esse dinheiro [R$ 250]? Da próxima vez em que quiser fugir, planeje melhor."

Filme e carona
Segundo o tenente Renato Leandro Medeiros, da 8ª guarnição especial da PM de Santa Catarina, as duas disseram não estar dispostas a voltar para suas casas em São Paulo. Elas aguardavam os pais no conselho tutelar de Curitibanos.
Giovanna e Ana Lívia estudam no primeiro ano do ensino médio do colégio Equipe, em Pinheiros, na zona oeste, onde a mensalidade é R$ 1.200.
Pelas informações da família, Ana Lívia queria sair da escola e matricular-se em uma pública. "Ela conversou sobre isso comigo, mas deixei claro que escola pública estava fora de questão. Eu disse: "Calma, o semestre está acabando'", conta o professor universitário Odilon Luciano, 49, pai da garota.
De acordo com a polícia, Ana Lívia já havia tentado fugir de casa, em 2005.
Giovanna, recém-chegada de Nova York, onde morou por três anos com a mãe, apresentava problemas de adaptação e já avisara em casa que pretendia fazer uma viagem para fora com uma mochila nas costas.
Elas desapareceram após dizer aos pais que iriam assistir a um filme no Espaço Unibanco, na rua Augusta. A dupla conheceu um estudante da USP e pegou carona com ele até a estação rodoviária da Barra Funda.

Viagem e seqüestro
A polícia já cogitava que as meninas haviam ido viajar. O DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) não descartava a possibilidade de seqüestro.
De acordo com o delegado Francisco Magano, titular da delegacia de pessoas desaparecidas do DHPP, equipes de policiais foram mobilizadas para procurar pelas duas nas cidades de Uruguaiana (RS) e Monte Verde (MG).
Familiares divulgaram o desaparecimento na internet. Houve uma denúncia de que elas estariam pegando carona para a Argentina. Chamaram a atenção porque não usavam roupas adequadas para o frio.


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