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Garotas que fugiram após ir ao cinema são achadas em SC
Dono de hotel em Curitibanos reconheceu jovens que queriam se hospedar no local
Meninas disseram que foram de SP a Porto Alegre de carona e depois seguiram para a cidade catarinense, onde pretendiam trabalhar
PAULO SAMPAIO
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Reconhecidas pelo dono de
um hotel chamado Confelanches, em Curitibanos (SC), as
estudantes Giovanna Maresti
Sant'Anna Silva, 15, e Ana Lívia
Destefani Luciano, 16, desaparecidas desde quinta-feira, foram entregues à polícia às
19h20 de ontem.
No hotel, Júlio César Souza
diz que as reconheceu por uma
foto que tinha visto delas na internet. No depoimento, as duas
contaram que tinham ido de
São Paulo ao Rio Grande do Sul
de carona. Ao chegar a Porto
Alegre, a dupla procurou um albergue em uma região conhecida como "Cracolândia", no
bairro de Farroupilha. Disseram que ali foram assaltadas
por uma mulher que lhes levou
uma blusa, uma máquina fotográfica, um brinco e uma calça.
Chegaram a Curitibanos de
carona com um caminhoneiro.
Pretendiam ficar na cidade até
completar a maioridade e, depois, migrar para Buenos Aires.
Assim que as encontrou, a
polícia colocou as meninas em
contato com os pais. A mãe de
Giovanna, a atriz Kelly di Bertolli, 32, disse que a filha descreveu o período em que "mochilou" como "os seis dias mais
felizes da vida dela". "Eu te
amo, mãe!", teria dito a garota.
Kelly, que estava sendo assistida por um psiquiatra, disse à
Folha ontem antes de as meninas serem encontradas: "Não
vou brigar com ela na volta,
mas é preciso repensar tudo.
Eu sou uma mãe superlegal,
dou liberdade, ao mesmo tempo levo e busco no colégio, converso, aí ela vai e desaparece!"
De acordo com o irmão mais
velho de Ana Lívia, o produtor
musical Gabriel Dib, 27, a mãe
dela, Valéria, esbravejou: "Até
onde você pensa que ia com esse dinheiro [R$ 250]? Da próxima vez em que quiser fugir, planeje melhor."
Filme e carona
Segundo o tenente Renato
Leandro Medeiros, da 8ª guarnição especial da PM de Santa
Catarina, as duas disseram não
estar dispostas a voltar para
suas casas em São Paulo. Elas
aguardavam os pais no conselho tutelar de Curitibanos.
Giovanna e Ana Lívia estudam no primeiro ano do ensino
médio do colégio Equipe, em
Pinheiros, na zona oeste, onde
a mensalidade é R$ 1.200.
Pelas informações da família,
Ana Lívia queria sair da escola e
matricular-se em uma pública.
"Ela conversou sobre isso comigo, mas deixei claro que escola pública estava fora de
questão. Eu disse: "Calma, o semestre está acabando'", conta o
professor universitário Odilon
Luciano, 49, pai da garota.
De acordo com a polícia, Ana
Lívia já havia tentado fugir de
casa, em 2005.
Giovanna, recém-chegada de
Nova York, onde morou por
três anos com a mãe, apresentava problemas de adaptação e
já avisara em casa que pretendia fazer uma viagem para fora
com uma mochila nas costas.
Elas desapareceram após dizer aos pais que iriam assistir a
um filme no Espaço Unibanco,
na rua Augusta. A dupla conheceu um estudante da USP e pegou carona com ele até a estação rodoviária da Barra Funda.
Viagem e seqüestro
A polícia já cogitava que as
meninas haviam ido viajar. O
DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) não descartava a possibilidade de seqüestro.
De acordo com o delegado
Francisco Magano, titular da
delegacia de pessoas desaparecidas do DHPP, equipes de policiais foram mobilizadas para
procurar pelas duas nas cidades de Uruguaiana (RS) e Monte Verde (MG).
Familiares divulgaram o desaparecimento na internet.
Houve uma denúncia de que
elas estariam pegando carona
para a Argentina. Chamaram a
atenção porque não usavam
roupas adequadas para o frio.
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