|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
WALTER FÉLIX DE SOUZA (1927-2008)
A mágica simples do "feiticeiro" da bola
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Houve um tempo na vida
do "Velho Feiticeiro" que
justificou o epíteto e o mistério que ainda hoje percorrem
os estádios do Acre. Aconteceu uma vez, e outra -e acabou em mito o fato de estar
no comando de um time perto da derrota "e conseguir alterar o resultado de partidas
quase perdidas". Sua mágica
era pôr ordem na bagunça do
futebol riobranquense dos
anos 40, em que "ninguém
marcava ninguém e todo
mundo jogava à vontade".
Homem calado, criado pela avó, Walter de Souza jamais pensara em ser técnico.
Para os alunos era o professor Té, que lecionou desde
que voltou do Rio, formado
em educação física. Voltou,
foi diretor de colégios e jogador de peladas.
Um dia recebeu o convite
do presidente do Independência para um jogo contra
um esmagador time boliviano. Ganhou e ficou no cargo,
emendando um time no outro -Juventus, Rio Branco,
"quase todos os grandes do
Acre", diz a filha. Acreditava
que, no país do futebol, seu
Estado estava bem. "Não
chega a ser o primeiro, mas
não tem sido o último".
Fundou o curso de educação física da Universidade
Federal do Acre, onde até o
telefonista sabe de cor histórias do "homem que torcia os
placares". "Deus foi tão misericordioso comigo que me
deu 80 anos de vida", e dois
casamentos, três filhos, quatro netos e tantas vitórias.
"Não tenho mais nada a fazer", chegou a dizer. E morreu de infarto, no dia 4.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Teatro Municipal terá restauração inédita Índice
|