São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2008

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Justiça manda dividir prêmio da Mega-Sena

Patrão e ex-funcionário devem dividir prêmio de R$ 27,7 milhões vencido há 9 meses em SC, segundo decisão judicial

Ex-empregado moveu a ação e acusa antigo patrão de ter se apropriado de seu bilhete; advogados de empresário devem recorrer da decisão

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Justiça de Santa Catarina mandou dividir um dos maiores prêmios da história da Mega-Sena entre um patrão e seu ex-funcionário, que disputam o dinheiro.
Após quase nove meses do anúncio do prêmio no valor de R$ 55,5 milhões pela Caixa Econômica Federal, a Justiça de primeira instância em Joaçaba (Santa Catarina), município onde foi feita a aposta, condenou o empresário Altamir José da Igreja a dividir sua parte do dinheiro -R$ 27,7 milhões- com o marceneiro Flávio Júnior Biassi, 25, que prestava serviços em sua serralheria.
A outra metade do dinheiro do concurso foi paga a apostadores de Rondônia.
A ação foi movida por Biassi, que acusa o antigo patrão de ter se apropriado indevidamente de seu bilhete.
Os advogados de José da Igreja disseram que vão recorrer da decisão. Com isso, o dinheiro continuará bloqueado.
A defesa do empresário vai argumentar que a decisão pode abrir precedentes para novas contestações de premiações. José da Igreja já havia obtido na Justiça o desbloqueio de cerca de R$ 2,2 milhões do valor pago pelo prêmio.
O marceneiro diz ter entregue R$ 1,50 e um papel com a combinação dos números de seu celular ao ex-patrão, que faria a aposta por ele em uma lotérica da cidade. O jovem diz que o empresário ligou para sua casa no dia seguinte para informar sobre o prêmio, mas não devolveu o bilhete.
José da Igreja sustenta ter feito a aposta sozinho e que os números que jogou eram a combinação das datas de nascimento dele e de seu filho.
Ele diz que não fez a aposta para o ex-empregado, que teria preferido beber com o dinheiro do bilhete. Afirma ainda ter ligado para o pai de Biassi apenas para informar que daria uma moto de presente ao empregado com o prêmio.
Na decisão, o juiz levou em conta o fato de, segundo ele, o empresário não pagar pensão ao filho cuja data de nascimento teria inspirado parte da aposta.
Günter Grander, um dos advogados de José da Igreja, negou ontem que o empresário tenha abandonado o filho. Criticou o fato de o juiz ter usado esse argumento na sentença.
"Todos colocaram o Altamir [José da Igreja] como empresário e o Fábio [Biassi] como coitadinho. O Altamir é só dono de um caminhão velho. Tem uma vida simples."
O empresário vive hoje em Toledo (SC), com um irmão.
Biassi foi trabalhar em uma fazenda, com o pai e os irmãos, em Catanduvas (SC).
De acordo com o advogado Francisco Assis de Lima, ele espera com "ansiedade" a definição do caso. "Imagine como é para um jovem saber que é rico e não poder usar o dinheiro?", disse Lima.


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