RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO

Darcy ainda era adolescente quando decidiu que seria piloto de avião. A mãe o desestimulou no ato: mandou-o parar de sonhar e voltar à roça. Ele não obedeceu. Na década de 1970, deixou Ibiúna e a roça rumo a SP. Começou engenharia na FEI, mas não conseguiu se manter.
Foi quando um amigo entrou para a Aeronáutica -e ele foi junto. Em 1979, formou-se oficial aviador. Dona Cristina, a mãe, já não ralhava mais.
Na FAB, pilotou caças e helicópteros e participou de missões difíceis -como o resgate do Boeing da Varig que caiu em MT em 1989.
Há cinco anos, aposentou-se como brigadeiro. Na ocasião, chefiava o Campo de Marte. Voltou à Ibiúna da infância disposto a ser político.
E assim fez. Com pouco dinheiro, Darcy Pereira Leite tentou ser deputado estadual em 2006. Fracassou. Dois anos depois, era azarão na disputa à prefeitura. Foi eleito pelo PSB, com 15.826 votos.
Mal teve tempo de governar. Vivia a reclamar da dívida da prefeitura e não saía dali nem para almoçar -pedia marmitex. Tanta correria fez a saúde ficar em "terceiro plano", diz o sobrinho Valdir.
Na manhã de 20/5, dois dias após completar 55 anos, desmaiou no gabinete -era parada cardíaca. Internado, não saiu mais do coma. "Homem de bom coração", casado, pai de dois filhos, morreu ontem, de falência de órgãos.
O enterro será hoje, às 9h, no cemitério da Paz, em Ibiúna.

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