São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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Empresa de água põe lixo junto a córrego

Sanasa, companhia de abastecimento de Campinas, é fotografada ao jogar lixo em área de proteção ambiental

Empresa nega acusação e diz que apenas cedeu caminhões à prefeitura da cidade, que afirma que vai apurar o caso

MAURÍCIO SIMIONATO
DE CAMPINAS

Autora de campanhas para conscientizar a população a não jogar lixo nas ruas e nos rios, a Sanasa, empresa de água e abastecimento de Campinas, teve seus caminhões fotografados enquanto jogavam entulho em área protegida de um córrego no distrito de Nova Aparecida.
Um morador registrou os despejos e fez um boletim de ocorrência denunciando os danos ambientais.
Os caminhões foram flagrados no dia 30 de maio, um domingo.
As imagens a que a Folha teve acesso mostram veículos com logomarca da Sanasa deixando lixo no local.
Parte do despejo ocorreu em uma faixa de 30 metros de distância do córrego, portanto em uma Área de Preservação Permanente, como prevê a legislação ambiental.
A empresa argumentou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só cedeu os caminhões à administração municipal para o programa Prefeitura Itinerante, que consiste em ações como limpeza em bairros.
A Prefeitura de Campinas diz que o objetivo da ação era desassorear o córrego e afirma que vai apurar o caso.
O morador que fez a denúncia e registrou as imagens, Valdir Oliveira, 62, diz que os caminhões e um trator retiraram o lixo e entulhos acumulados no bairro no domingo pela manhã e despejaram todo o material no mesmo dia na beira do córrego Boa Vista, que desemboca no ribeirão Quilombo.

SEM LICENÇA
A Sanasa possui uma Estação de Tratamento de Esgoto na bacia do ribeirão Quilombo, que é uma afluente do rio Piracicaba e passa pelos municípios de Sumaré, Nova Odessa e Americana.
A Polícia Civil vai apurar os crimes ambientais de dano direto ou indireto à unidade de conservação e por causar poluição, previstos na Lei de Crimes Ambientais.
Oliveira entregou as fotos a um vereador, que prometeu acionar o Ministério Público na semana que vem.
A engenheira agrônoma da Unicamp Dionete Santin considerou o despejo um "problema sério" ao ambiente após ver as fotografias.
"Qualquer intervenção na beira de uma córrego precisa de licença ambiental do órgão competente. Tem que existir esta solicitação. Mesmo que haja essa licença, não se pode jogar entulho ou material de descarte na beira de córrego", disse ela.


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