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Empresa de água põe lixo junto a córrego
Sanasa, companhia de abastecimento de Campinas, é fotografada ao jogar lixo em área de proteção ambiental
Empresa nega acusação e diz que apenas cedeu caminhões à prefeitura da cidade, que afirma que vai apurar o caso
MAURÍCIO SIMIONATO
DE CAMPINAS
Autora de campanhas para conscientizar a população
a não jogar lixo nas ruas e
nos rios, a Sanasa, empresa
de água e abastecimento de
Campinas, teve seus caminhões fotografados enquanto jogavam entulho em área
protegida de um córrego no
distrito de Nova Aparecida.
Um morador registrou os
despejos e fez um boletim de
ocorrência denunciando os
danos ambientais.
Os caminhões foram flagrados no dia 30 de maio, um
domingo.
As imagens a que a Folha
teve acesso mostram veículos com logomarca da Sanasa deixando lixo no local.
Parte do despejo ocorreu
em uma faixa de 30 metros
de distância do córrego, portanto em uma Área de Preservação Permanente, como
prevê a legislação ambiental.
A empresa argumentou,
por meio de sua assessoria de
imprensa, que só cedeu os
caminhões à administração
municipal para o programa
Prefeitura Itinerante, que
consiste em ações como limpeza em bairros.
A Prefeitura de Campinas
diz que o objetivo da ação era
desassorear o córrego e afirma que vai apurar o caso.
O morador que fez a denúncia e registrou as imagens, Valdir Oliveira, 62, diz
que os caminhões e um trator
retiraram o lixo e entulhos
acumulados no bairro no domingo pela manhã e despejaram todo o material no mesmo dia na beira do córrego
Boa Vista, que desemboca no
ribeirão Quilombo.
SEM LICENÇA
A Sanasa possui uma Estação de Tratamento de Esgoto
na bacia do ribeirão Quilombo, que é uma afluente do rio
Piracicaba e passa pelos municípios de Sumaré, Nova
Odessa e Americana.
A Polícia Civil vai apurar
os crimes ambientais de dano direto ou indireto à unidade de conservação e por causar poluição, previstos na Lei
de Crimes Ambientais.
Oliveira entregou as fotos
a um vereador, que prometeu acionar o Ministério Público na semana que vem.
A engenheira agrônoma
da Unicamp Dionete Santin
considerou o despejo um
"problema sério" ao ambiente após ver as fotografias.
"Qualquer intervenção na
beira de uma córrego precisa
de licença ambiental do órgão competente. Tem que
existir esta solicitação. Mesmo que haja essa licença,
não se pode jogar entulho ou
material de descarte na beira
de córrego", disse ela.
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