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Médicos esquecem objeto de metal em paciente
Material, que pode ser bisturi ou agulhas, está nas costas de rapaz há 77 dias
Cirurgia de hérnia de disco foi realizada no hospital municipal do Campo Limpo; luz acabou e gerador falhou
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Há 77 dias um homem de
31 anos vive com um objeto
pontiagudo metálico espetado no interior das costas. O
material, que pode ser um
bisturi ou várias agulhas, foi
esquecido durante uma cirurgia de hérnia de disco.
Desde então, ele tenta,
sem sucesso, se submeter a
uma nova cirurgia para a retirada do objeto.
Depois de sofrer um acidente de moto e ficar quase
um ano perambulando por
hospitais com dores na perna
esquerda e nas costas, o gerente de uma agência de turismo em São Paulo Nelson
Fernando Mazorca Celestino
descobriu que precisaria
operar a coluna.
A cirurgia, paga pelo SUS
(Sistema Único de Saúde),
ocorreu no dia 25 de março
no Hospital Municipal de
Campo Limpo (zona sul de
SP). Naquele dia, durante a
cirurgia, a energia acabou
duas vezes e o gerador de
emergência falhou.
"O médico me disse que
por causa da falta de luz ele
acha possível terem esquecido algo dentro de mim", relatou, referindo-se ao neurologista Walter Felau.
Por causa das dores, Celestino deixou de trabalhar e está em sua casa, no Grajaú
(também na zona sul), desde
janeiro deste ano. Lá, instalou-se na sala de TV para evitar ter de subir as escadas
que levam até seu quarto.
"Antes da cirurgia já não
estava conseguindo me locomover direito. A minha esperança depois da operação era
ficar melhor. Mas só piorei."
Duas tomografias mostram que, após a cirurgia, o
quadro clínico dele se agravou, principalmente por causa do material metálico deixado na região da vértebra
que foi operada.
PONTIAGUDO
Os exames não conseguem determinar qual objeto
está no corpo do gerente. O
laudo cita apenas que é um
objeto metálico e pontiagudo. Por isso, Celestino imagina que seja um bisturi ou
agulhas, já que frequentemente sente pontadas no local da cirurgia.
Ele diz que fará uma radiografia para tentar saber que
objeto está nas suas costas.
Desde que descobriu o
problema, em 13 de maio, o
paciente tenta marcar uma
nova operação. Agendou o
procedimento quatro vezes.
Mas foram cancelados pelos
médicos. Em uma das ocasiões, ficou 16 horas esperando no corredor do hospital.
Nesta semana, a chefia dos
neurologistas informou Celestino por telefone que ele
seria operado na próxima segunda-feira, dia 14.
Mas ele teme não ser operado. "Só acredito quando
estiver na mesa de cirurgia."
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