São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

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Especialistas recomendam cautela

Psicopedagoga alerta para o risco de o ensino precoce atrapalhar no futuro a escrita para parte das crianças

Pesquisadora critica pressa e defende que é possível aprender uma segunda língua muito bem até os dez anos

DE SÃO PAULO

Apesar de a neurociência apontar as vantagens do aprendizado de uma segunda língua cada vez mais cedo, especialistas em desenvolvimento humano e educação fazem ressalvas.
"Recomendo cautela na transposição dessas descobertas científicas em métodos e programas que simplificam o que é muito complexo", diz Selma de Assis Moura, professora de didática para a educação bilíngue no Instituto Singularidades.
"Precisamos de famílias comprometidas, professores preparados, currículos bem montados e gestores responsáveis para transformar esse potencial em ganhos reais."
A psicopedagoga Maria Irene Maluf, coordenadora do curso de neuropedagogia e psicanálise da PUC-SP, alerta para um problema.
"De 10% a 15% das crianças têm algum tipo de dificuldade de aprendizagem. Para elas, o aprendizado da segunda língua vai causar provavelmente uma grande carga para o cérebro, que vai se refletir na hora de escrever."
Maria Irene alerta ainda para os casos em que os pais colocam os filhos para estudar inglês por pura vaidade.
Pesquisadora em desenvolvimento humano, Elvira Souza Lima acredita que não é preciso ter tanta pressa.
"Do ponto de vista do desenvolvimento da criança, não tem nenhuma justificativa para começar [a aula de inglês] tão cedo, a não ser querer que a criança fale os fonemas sem sotaque, mas isso ela também faz nos primeiros anos de vida."
Segundo ela, até os dez anos, as crianças aprendem muito bem a segunda língua.
Elvira lembra ainda que o idioma só será aprendido sem sotaque se o professor -ou o cuidador da criança, no casos dos berçários- for nativo na língua estrangeira.
O período de exposição do bebê à segunda língua também é considerado essencial para haver algum resultado.
"Uma escola de inglês [com aulas duas vezes por semana] não oferece um contato consistente com a língua.
O que propicia o aprendizado é o tempo de exposição", diz Ana Paula Mariutti, presidente da Organização das Escolas Bilíngues do Estado de São Paulo). (FABIANA REWALD)

FOLHA.com

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