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IC acha em roupa de morto resíduo
plástico que pode ser de explosivo
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Análises do microscópio eletrônico de varredura do IC (Instituto
de Criminalística da Polícia Civil
de São Paulo) encontraram ontem
pela manhã resíduos plásticos, que
podem ser de explosivos, na roupa
do empresário Fernando Caldeira
de Moura, morto na explosão do
Fokker-100 da TAM. Não foram
identificados vestígios de pólvora.
Foram encontrados dois tipos de
resíduos que estão sendo analisados em um aparelho chamado espectofotômetro infravermelho.
O objetivo é descobrir se os resíduos são relativos a algum explosivo plástico ou a algum recipiente
utilizado para carregar o artefato
explosivo. Existe também a possibilidade de os resíduos plásticos
serem de algum outro objeto feito
de plástico.
Os peritos do IC vão analisar a
estrutura molecular dos resíduos
para descobrir se ela é idêntica à de
um explosivo plástico. As análises
devem estar concluídas, no máximo, na próxima semana.
O explosivo plástico mais conhecido e utilizado no país é o chamado C4. De acordo com o IC, a Inbel
(Indústria de Material Bélico do
Exército) estaria fabricando esse
tipo de explosivo.
Ontem à tarde, a diretoria do IC
entrou em contato com Gil da
Costa Marques, diretor do Instituto de Física da USP.
Os peritos estudam a possibilidade de analisar os vestígios encontrados com microscópio de tunelamento, que analisa moléculas.
As primeiras análises nas roupas
do empresário não detectaram
qualquer vestígio de pólvora.
Além de descartar uma suposta
utilização de explosivo à base de
pólvora, o IC também eliminou a
hipótese de a explosão do Fokker-100 ter ocorrido por alguma
falha estrutural do avião.
Ontem, foram iniciados exames
para tentar descobrir resíduos de
explosivos nitrogenados, como
TNT ou nitroglicerina, nas roupas.
Os nitrogenados representam
mais de 90% dos tipos de explosivos conhecidos.
Essa etapa da perícia deve ficar
concluída em uma semana.
No meio da tarde de ontem, técnicos da Polícia Federal se reuniram com peritos do IC. A partir de
agora, os dois órgãos trabalharão
em conjunto.
No encontro, os policiais entregaram amostras retiradas da poltrona 17D do Fokker-100, que fica
à frente do banco 18D, onde ocorreu a explosão.
O IC tentará encontrar agora
vestígios de explosivos nos fragmentos da poltrona.
Os policiais federais também
afirmaram ter encontrado fragmentos de vidro próximo ao local
da explosão. No entanto, ainda
não foi possível determinar se os
pedaços de vidro eram de uma lente de câmera de foto ou de vídeo.
Anteontem, o IC detectou vestígios de um elemento químico chamado ítrio na roupa do empresário. O ítrio é utilizado na fabricação de lentes de câmeras fotográficas e de vídeo, entre outras.
O IC não descarta a possibilidade
de o artefato explosivo ter sido
montado no interior de uma câmera. "Se fosse uma bomba ou
atentado, a pessoa iria esconder",
afirmou Osvaldo Negrini, diretor
técnico do IC.
No entanto, a hipótese vem sendo considerada remota, pois o
ítrio, segundo Negrini, também
está presente em lentes de óculos.
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