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SOB NOVA DIREÇÃO
Saraiva Felipe suspendeu cerca de 80 portarias de Humberto Costa; para ele, medidas foram tomadas "de afogadilho"
Ministro assume e congela ações na Saúde
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Logo após assumir o Ministério
da Saúde, o peemedebista Saraiva
Felipe suspendeu cerca de 80 portarias assinadas pelo seu antecessor, Humberto Costa (PT). A suspensão por 30 dias, para analisar o
impacto financeiro, atinge as medidas publicadas entre segunda e
sexta-feira da semana passada.
Segundo o novo ministro, as
portarias podem gerar um gasto
em torno de R$ 1 bilhão ao ano.
Somente na sexta, foram 40 medidas publicadas, entre elas a que
regulamenta procedimentos para
que médicos da rede pública realizem aborto em vítimas de violência sexual sem a apresentação de
boletim de ocorrência. As normas
que não implicarem gastos podem ser liberadas em breve.
"Não que eu esteja questionando o mérito, mas é que foram tomadas de afogadilho e, de alguma
forma, podem engessar a capacidade de governabilidade do Orçamento do ministério", disse. E
completou: "Não estou desautorizando o ex-ministro. Tanto que
não estou cancelando portaria,
mas suspendendo".
Para o ex-ministro Humberto
Costa, a decisão de seu sucessor é
"comum e natural" porque ele está chegando à pasta. Costa enfatizou que todas as portarias com
impacto financeiro foram discutidas pela comissão tripartite -envolvendo representantes de Estados, municípios e União.
Entre as portarias com mais impacto está a que estabelece reajuste dos valores da tabela de procedimentos ambulatoriais e hospitalares do SUS (Sistema Único de
Saúde). O gasto previsto é de R$
402,1 milhões anuais.
Saraiva Felipe, um dos três peemedebistas a assumir uma pasta
na gestão Lula na sexta-feira, afirmou que vai "brigar como um
leão" para garantir financiamento
ao SUS, sendo contra a desvinculação de recursos da Saúde.
"Há uma intenção recorrente da
área econômica de fazer a desvinculação de recursos, o que acho
um absurdo. [...] Não acredito
que o governo faça isso. Mas, se
acontecer a desvinculação, seja na
saúde, educação ou área social,
acho que será uma tragédia."
Antes, em cerca de 40 minutos
de discurso na transmissão de
cargo, o novo ministro afirmou
ainda que continuará os programas do ministério e elencou entre
as prioridades uma politização da
pasta visando mobilizar a sociedade para defender o SUS.
"O ministério estará aberto a
parlamentares e à sociedade. A
palavra mágica será o diálogo, a
conversa", disse Saraiva Felipe.
O ex-ministro Humberto Costa
foi criticado algumas vezes pela
falta de diálogo, principalmente,
com parlamentares.
Sobre sua equipe, afirmou que
não vai "partidarizar", mas politizar para estabelecer diálogos. Em
edição extra do "Diário Oficial"
da última sexta já foram publicadas quatro exonerações da pasta,
sendo duas de assessores especiais do ex-ministro, além de Arthur Chioro, diretor do Departamento de Atenção Especializada,
e de Jorge Solla, secretário de
Atenção à Saúde.
O novo ministro afirmou ter
"preocupação específica" com a
situação da saúde no Rio de Janeiro, que chamou de "explosiva". A
cidade é governada pelo prefeito
César Maia, pré-candidato a presidente pelo PFL.
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