São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

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SAÚDE

Hospital da USP pretendia passar atendimentos de baixa complexidade para ambulatórios; nova decisão exclui especialidades

HC recua e continua a atender casos simples

DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária municipal da Saúde, Maria Cristina Cury, informou ontem à noite que o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP recuou e decidiu manter o atendimento de parte dos casos simples recebidos hoje pela instituição.
O maior hospital da América Latina pretendia, a partir do dia 1º de agosto, repassar todos esses atendimentos para a rede de média e baixa complexidade, isto é, ambulatórios de especialidades e postos de saúde.
De acordo com Cury, que se reuniu ontem com representantes do Estado, o que ficou acertado é que somente os atendimentos das especialidades, como cardiologia, serão encaminhados aos ambulatórios. Foram abertas 30 mil novas consultas nesta rede para dar conta da nova demanda.
Já o atendimento de casos de baixa complexidade que ocorre no HC, como consultas com clínicos ou ginecologistas, não sofrerá mudanças. Os pacientes só passarão a ser encaminhados aos postos de saúde da prefeitura a partir de dezembro, quando termina um processo de informatização dessas unidades.
O HC é uma unidade de alta complexidade -para casos de câncer, por exemplo- vinculada à secretaria estadual, mas desde o fim de 2003 toda a gestão da saúde do município está a cargo da prefeitura. Hoje o hospital atende um total de 65 mil pessoas por mês no setor ambulatorial e estima que cerca de 50% dos casos sejam simples e que esses deveriam seguir para outros locais.
Com as mudanças, o HC quer ampliar o atendimento de novos pacientes para 10 mil casos por mês -hoje são 3.800. Pela proposta do hospital, a população não poderá mais ligar para a unidade para marcar consultas.
"Tinha certeza de que não iria dar certo da maneira como estava", afirmou Cury sobre o projeto original do HC. A secretária disse desconhecer quantos casos de baixa complexidade são atendidos hoje pelo hospital.
De acordo com a secretária, esses pacientes são principalmente pessoas que conseguiram encaminhamento ao HC e à carteira de atendimento da unidade inicialmente por causa de algum problema sério e, com isso, passaram também a ser direcionadas para outros setores por causa de problemas mais simples.
Se a mudança fosse completa, todos esses pacientes teriam de buscar os postos e sobrecarregariam as unidades da prefeitura. Um levantamento da administração Marta Suplicy (PT) mostrava, no fim do ano passado, que pelo menos um milhão de pessoas já não tinham acesso adequado às Unidades Básicas de Saúde.
Procurada ontem, a assessoria de imprensa do HC informou apenas que as negociações da unidade ocorrem por meio da secretaria estadual. A assessoria não conseguiu localizar o representante que esteve na reunião com a secretária. (FABIANE LEITE)


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