São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2005

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PESQUISA

Desde o começo do mês, 70 foram demitidos; governo Alckmin deixou de repassar R$ 14,5 mi de 1997 a 2004, diz instituto

Após perder verbas, IPT demite funcionários

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), órgão que mapeia áreas com risco de deslizamentos, avalia combustíveis e até árvores com risco de queda, irá diminuir em 10% o seu quadro de pessoal, hoje com cerca de mil funcionários. Um dos motivos para o corte é a redução da receita destinada pelo governo estadual, ao qual o órgão é vinculado.
O instituto informou que, de 1997 a 2004, esses recursos caíram 34,5%, de R$ 56,5 milhões para R$ 42 milhões -em números atualizados pelo índice de correção oficial do Estado, o IPC/Fipe.
A direção do IPT afirmou também que alguns serviços não precisam mais ser oferecidos pelo instituto, pois outras empresas já têm o domínio da tecnologia.
Um exemplo citado pelo diretor-superintendente do instituto, Guilherme Ary Plonski, é a calibração (ajuste) de equipamentos.
As demissões, que começaram no último dia 1º, ainda estão em curso. Até agora, foram 70 pessoas, dos setores administrativo e técnico. Os salários desses funcionários vão de R$ 800 a R$ 6.000.
Em protesto ao corte, o sindicato dos funcionários espalhou dez cartazes pela cidade atacando a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em um deles, na av. Marquês de São Vicente, lê-se: "Sabe quem ajuda a combater a desnutrição infantil? O IPT. E o governo quer acabar com ele".
A mensagem se refere ao trabalho que o IPT faz de encapsular partículas microscópicas de vitaminas, que são diluídas em substâncias como leite e farinha láctea.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia não se pronunciou.

Prejuízo à população
Além de prestar serviços a órgãos de governo, em outras atividades, empresas são ajudadas a desenvolver produtos.
"A população irá sentir os efeitos desse corte", afirmou o representante sindical dos funcionários, Régis Carvalho. "Perdemos gente com 20 anos de casa. Principalmente na área técnica, eles farão muita falta."
A associação afirma que o setor que teve o maior número de demissões foi a geologia, com redução de 17% da folha de pagamento. "Trabalhos como verificação de áreas de risco em época de chuva serão prejudicados", afirmou o representante da associação.
O diretor-superintendente do instituto negou que a população será afetada e disse desconhecer o corte na área de geologia. "Mesmo se houve, o serviço será mantido com a mesma qualidade."
O representante dos funcionários afirmou ainda que já estão programados mais cortes de pessoal em 2006, na casa dos 5%.
O diretor-superintendente do instituto confirmou que haverá mudanças nos quadros de pessoal. Mas, segundo ele, a medida faz parte dos ajustes de atividades do órgão.

No vermelho
De acordo com o relatório da administração, o IPT fechou o ano passado com prejuízo de quase R$ 4 milhões.
O governo de Alckmin destinou R$ 44 milhões ao órgão. Outros R$ 52 milhões foram obtidos com a prestação de serviços e venda de produtos.
Uma das parcerias do instituto visa ajudar micro e pequenas empresas exportadoras.
O IPT, além disso, ajuda na adaptação dos produtos em relação à qualidade e ao atendimento de normas técnicas em vigor. De 1999 até o ano passado, foram analisados 550 produtos.


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