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PATRIMÔNIO
Personalidades como Monteiro Lobato e Tarsila do Amaral estão enterradas no local, que abriga várias obras de arte tumular
Cemitério da Consolação, 147, é tombado
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O cemitério da Consolação tem
exatos 147 anos e três dias de história. Foi tombado no último sábado, data de seu aniversário de
fundação, por força de uma resolução publicada no "Diário Oficial" do Estado de São Paulo.
O tombamento também inclui
o cemitério dos Protestantes -
construído em 1864 para os não
católicos- e o cemitério da Ordem Terceira do Carmo, localizados na mesma área.
Primeiro cemitério do município de São Paulo, o Consolação
abriga cerca de 8.500 túmulos
-entre eles, os de personalidades
como Monteiro Lobato, Tarsila
do Amaral, Ramos de Azevedo,
Mário e Oswald de Andrade- e
obras de arte tumular, como a do
escultor Victor Brecheret.
A partir de agora, todas as intervenções a serem realizadas nos jazigos do cemitério, especialmente
em suas esculturas, deverão ser
submetidas à aprovação do Condephaat (conselho estadual de
preservação). O local reúne cerca
de 8.500 sepulturas.
Mudanças no seu traçado interno e nos seus equipamentos
-tais como capela, ossário e portal, projetados por Ramos de Azevedo- também devem passar
pelo crivo do conselho por serem
representativos da tipologia dos
cemitérios construídos entre o final do século 19 e começo do 20,
segundo José Roberto Melhem,
presidente do Condephaat.
Até cortes de árvores no cemitério devem ser aprovados pelo órgão. Cortes de árvores? Melhem
explica: "Muito da beleza do cemitério depende da vegetação que
lá existe. Se começam a depenar
as árvores, vai prejudicar".
O órgão não precisará ser consultado para sepultamentos ou
remoção de despojos, exceto se a
ação implicar na alteração das características do patrimônio.
A resolução aprovada também
protege a área que circunda o cemitério (ruas da Consolação, Coronel José Eusébio, Mato Grosso e
Sergipe). Na quadra tombada,
por exemplo, não serão permitidos anúncios, exceto placas de
utilidade pública quando autorizadas pelo Condephaat.
De acordo com Melhem, durante muitos anos houve dúvidas se o
tombamento deveria ser total ou
parcial. "Mas, devido à grandeza
do acervo, decidiu-se por tombar
tudo. Assim, todos os aspectos
culturais ficam protegidos."
Artistas como Galileo Emendábile e Nicola Rollo têm trabalhos
no local. Rollo projetou uma das
primeiras obras consideradas de
temática profana em cemitérios,
"Orfeu e Eurídice", que remete à
mitologia grega, o que não era comum quando foi idealizada, em
1920, para a família Trevisioli.
Brecheret esculpiu em 1923 uma
Pietá com quatro Marias, chamada Sepultamento. A obra ganhou
um prêmio especial numa mostra
em Paris e, mais tarde, serviu de
modelo para o Monumento das
Bandeiras, de 1953.
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